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Caso Kiss: Ex-produtor de banda pede para ser condenado e justifica: 'Para tirar as dores dos pais'

Após o depoimento, durante o intervalo, a mãe de uma das vítimas gritou: “Assassino”, saindo em seguida da sala.

Uma decisão tomada na manhã desta quinta-feira (9) chamou a atenção de todos estão acompanhando o julgamento do caso da Boate Kiss. Em depoimento, o ex-produtor da banda Gurizada Fandangueira Luciano Bonilha pediu que fosse condenado. Ele é o segundo dos quatro réus a depor no Tribunal do Júri. “Não foi meu ato que causou tragédia, que tirou a vida desses jovens. Mesmo eu sabendo que sou inocente, para tirar as dores dos pais, me condenem”, disse Bonilha.

Durante o depoimento, o produtor confirmou que comprou o artefato pirotécnico a pedido do sanfoneiro Danilo Jaques, que morreu na tragédia. Ele ainda disse que a boate Kiss estava cheia no dia do incêndio.

“Ele disse que a história da boate Kiss é muito grande. ” Não posso vir aqui e lhe dizer que a boate não estava cheia, estava cheia, sim. Os jovens não conseguiam deixar as garrafas nas mesas e ficavam com as garrafas no braço, era muito apertado.”

Luciano Bonilha presenciou o início do fogo e disse que, ao lançar água em direção às labaredas, as chamas se alastraram. Em seguida, ele viu quando um rapaz pegou um extintor debaixo do bar e deu para o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos, mas o aparelho não funcionou.

“O extintor não tinha o lacre e batia a lata, era chocho [no sentido de parecer vazio]. Depois que começou fogaréu, nós só saímos porque alguém gritou.”

Bonilha disse que havia 26 microfones no palco e que outras pessoas —além do vocalista— poderiam ter usado o aparelho para avisar o restante dos frequentadores da casa noturna. Mas um ex-técnico de som disse que àquela altura havia desligado todo o som no palco.

Contou que, ao tentar sair, ouviu outras pessoas pedirem para abrir as portas e acabou caindo ao chão. “Não consegui respirar, coloquei assim [a camiseta nos olhos e boca], e caíram mais pessoas sobre mim. Eu fui arrastado de lá, tenho até hoje marca de unha, de alguém que me tirou.”

Bonilha disse que atuou em cerca de 14 shows com a Gurizada Fandangueira e que em nove deles foram utilizados artefatos pirotécnicos. O ex-integrante da banda negou que fosse produtor.

“Eu era roadie. Como eu sou produtor? Se eu não ia em reunião, em ensaios, tinha sessão de fotos e eu não ia, eu não desenhava aquilo que tinha que ser no show. Vocês não sabem a responsabilidade em cima da palavra produtor de palco. É o ajudante da banda.”

Após o depoimento, durante o intervalo, a mãe de uma das vítimas gritou: “Assassino”, saindo em seguida da sala.

Fonte: PARAIBA.COM
Créditos: PARAIBA.COM