Cartaxo, Botafogo e as Moedas

Bruno Filho

O Botafogo é o maior ganhador de títulos da Paraíba. Conhecido pelos quatro cantos do país, o tricolor da Capital já passou dos 80 anos de existência e foi protagonista de várias passagens marcantes do futebol brasileiro, inclusive um dia foi conhecido como o ” Matador de Tri-Campeões”.

Acompanho este tal de futebol há quase 50 anos. Já rodei por muitos cantos desse mundo e acho que vi quase tudo no que se refere aquilo que cincunda a bola. Achava. Não vi não. Todo dia eu aprendo e dessa vez aprendi e fiquei triste ao mesmo tempo com a controvérsia do assunto.

Sei das dificuldades que é manter o futebol em qualquer lugar, o que dizer então da Paraíba, carente de patrocinadores, cotas de televisão e ajuda das entidades máximas. Fica quase impossível. Respeito aqueles que se abnegam a fazê-lo e dividem grande parte de sua vida pessoal pelo amor ao clube.

Entendo também que futebol anda paralelamente com o marketing, essa ciência da moda que cabe em qualquer área e que faz com que pensamentos transformem-se em realidade através de ações. Vemos no mundo inteiro do que o marketing é capaz. Até David Beckham torna-se grande jogador.

O Corinthians contrata um chinesinho chamado Zizao e este arrasta público para dentro do Estádio, mesmo não jogando nada…Ronaldo Fenômeno volta a ser ídolo e campeão com quase 110 kilos e cria uma nova nação que se auto-intitula “Bando de Loucos”.

Bem, chega de rodeios. Vamos ao ponto. Não é possível que eu tenha ouvido nos microfones nacionais da maior rede de rádio do Brasil, da qual faço parte, a CBN, aquilo que ouvi…acho que eu estava dormindo ou meio sonolento, mas infelizmente foi verdade. Eu ouvi.

Com todo o respeito que tenho pela figura humana do presidente do Botafogo, empresário bem sucedido, honesto, dedicado as coisas do clube, que tem feito várias ações de modernidade em prol da agremiação como a venda antecipada de ingresssos, lançamento de uniformes, reforços para a equipe com boas contratações.

Agora…urna para que o publico em pleno Estádio da Graça deposite dinheiro para ajudar na premiação do time , não ! Além de tudo, oferecendo a possibilidade ao torcedor de que possam ser depositadas moedas de 50 centavos ? Não ! Dessa maneira vai tudo por água abaixo presidente.

Todo nosso trabalho de tornar o futebol da Capital forte cai por terra. Sabe por quê ? Dá a demonstração de que o clube precisa de esmolas. Assim a Federação será sempre a maioral, ficará sempre por cima, numa reação de quem enxerga seus filiados pobres.

Consequentemente a CBF, cheia de dinheiro, ao saber dessa notícia em ambito nacional reaja tomando conhecimento que um de seus filiados está na miséria. Não faça um ato como esse amigo…não transforme o que já está ruim em pior. A luta tem sido grande.

O contrassenso do que escrevo. Minutos depois o Prefeito da cidade adentra ao gramado e assina uma ajuda de 570 mil reais ao clube, já programada em campanha, o que certamente ajudará e muito no pagamento da tal premiação. Na mesma hora: água e óleo.

Não vamos nos apequenar, mesmo porque se todos os torcedores que estiveram no Estádio contribuissem, coisa que nunca vai acontecer, quanto seria arrecadado ? Faça a conta…uma moeda de 50 centavos de cada um, que valor chegariamos ? Irrisório. Importante: não colocariamos a vida do clube em exposição.

O Corinthians certa vez colocou uma barraca no Pacaembú para tentar contratar Paulo Cesar Cajú… Não arrecadou nada e ainda por cima o falecido presidente Vicente Matheus não tinha como devolver o dinheiro aqueles que contribuiram e até hoje não se sabe aonde foram parar os cruzeiros colhidos naquela operação.

Com o coração partido sou obrigado a escrever este comentário. Não aceito esta humilhação, até porque não há necessidade, nem vou usar um ditado antigo que era usado por minha mãe e minha vó, que refere-se ao fato de quando nos abaixamos muito…

Que pare por aí. Não vamos dar subsídios para os inimigos do futebol, pois repito o Botafogo é muito maior do que tudo, é imortal. Todos nós iremos embora e o “Belo” vai permanecer. E deve permanecer forte, com o moral elevado, nunca se submetendo a fatos como esse.

Bruno Filho, jornalista e radialista, vendo e ouvindo, analisando e tentando ajudar.

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