Essa é a capa do Estadão de hoje. Mostra Dilma na cerimônia da tocha olímpica. Enquanto ela sorria, o fotojornalista conseguiu um clique que sobrepôs o rosto da presidenta à chama. Dilma sendo queimada, uma metáfora pueril, cafoninha e esteticamente duvidosa.
Ao longo desse ano, mesmo esmagada por um processo de impeachment conduzido ilegalmente por bandidos, Dilma anunciou reajuste de 9% no bolsa família, construção de mais 25 mil casas pelo Minha Casa Minha Vida, prorrogação do programa Mais Médicos, licença paternidade de 20 dias para funcionários públicos, programa de estímulo à agricultura familiar, aceleração da demarcação de terras indígenas e quilombolas, desapropriação de terras para reforma agrária, políticas afirmativas para a proteção de pessoas transsexuais, entre outras coisas. Por tudo isso acredito que a metáfora é outra.
É claro que Dilma está queimada. E vai queimar ainda mais. Queimará como queimaram as bruxas na inquisição, capturadas, julgadas e mortas por homens que não sabendo como controlar a atuação de mulheres influentes na sociedade, criaram tribunais de exceção para executá-las.
Assim como na Inquisição, o tribunal que julga Dilma é cruel e imoral, seus expedientes são excusos, suas intenções não são nobres. Quanto mais a presidenta se afasta desse congresso nefasto e mais se aproxima dos interesses progressistas que a elegeram mais perto ela fica da fogueira.
Medidas como essas não vão salvá-la. Mas vão deixar um legado de direitos humanos e justiça social. Apontam um caminho para as esquerdas. Não se distanciem de sua base, não se aliem com as oligarquias podres que comandam esse país. Princípios fazem história e o poder pelo poder é vazio, então é com muito orgulho que essa bruxa vai queimar. E vai queimar de pé.
