Caos na rua, inércia no poder

Rubens Nóbrega

Quando chove muito, como choveu ontem em João Pessoa, toda a propalada competência de gestão para cuidar da cidade e de seus habitantes escorre dos bueiros para o leito da rua, inunda casas, derruba barreiras, adoece e desabriga um monte de gente.

Ao mesmo tempo em que transforma num caos a vida da grande maioria, a chuva forte mostra também quão caóticas são a manutenção da infra-estrutura urbana e, sobretudo, a prevenção contra alagamentos, inundações e congestionamentos de trânsito na Capital.

Em vez de campanhas permanentes de conscientização para evitar que o povo entupa galerias com lixo, vemos uma administração municipal obcecada pelo asfalto que dificulta o escoamento e, principalmente, impermeabiliza ruas, tornando impossível infiltração e absorção da água pelo lençol freático.

Por essas e outras, repetiram-se ontem praticamente os mesmos pontos de alagamento da chuvarada de 23 de janeiro deste ano, começando pelo Centro, onde a Lagoa transbordou e empurrou todo o trânsito para o anel viário externo.

Na Tancredo, João Machado, Trincheiras, poças enormes. Ou rios pequenos, pelo meio da rua. Não foi diferente nas Trincheiras e até na Valdemar Nazareno, no Geisel, ou nos canteiros laterais do Viaduto Sonrisal, no Cristo.

Uma banda de barreira deslizou e interrompeu o trânsito na praia do Cabo Branco. Outra porção de barreira despregou-se no Timbó e quase soterra crianças. No Jardim Guaíba, em Oitizeiro, famílias ilhadas.

Tudo isso poderia ser evitado ou no mínimo amenizado se a Prefeitura tivesse cuidado, no verão ou até um pouco depois, da proteção de encostas, da dragagem e desassoreamento de rios, da limpeza de galerias etc.

Mas nesses cinco meses, entre um toró e outro, o prefeito Luciano Agra esteve mais ocupado em ser candidato a candidato do que administrador. Seu governo esteve mais a serviço de uma possibilidade de candidatura do que das necessidades da população.

Mas é como diz o poeta Peninha, “quando a gente gosta, é claro que a gente cuida”. Se não cuidam é porque talvez as vítimas preferenciais dessa tragédia continuada são as pessoas mais pobres que resistem em favelas ou, como dizem para não ‘ofender’, nas comunidades carentes.

Nessas comunidades vivem os eleitores mais lembrados pelos candidatos em época de campanha e mais esquecidos pelos eleitos em anos não eleitorais. No Timbó, por exemplo, é tempo de renovar a promessa de segurar barreiras e dar moradia digna a quem sobrevive por lá.

O problema é que a previsão do tempo está anunciando mais chuva grossa pra esta quarta-feira. Se a Prefeitura não chegar junto com providências e assistência adequada, não se admirem se ao final do dia ou do mês não sobrar eleitor a quem prometer alguma coisa, a não ser caixão de defunto.
De uma vítima da crueldade
Prezado Rubens, ao ‘Recorde de Crueldade’ (tema de sua coluna de hoje, 19) acrescentaria o desrespeito do atual governo aos direitos do pessoal do Fisco Estadual.

Não bastasse ele se recusar a pagar o que nos deve, ainda solta os cachorros em cima dos auditores, numa perseguição funcional através dos “chefes de setores” como nunca visto antes, qualquer que tenha sido o pior dos governos!
Da indignação justa e cidadã
Caro Rubens, um fato lamentável ocorre nos órgãos da imprensa paraibana quando reportam crimes que envolvem suspeitos membros de famílias diferenciadas, empresários ou profissionais liberais. Seus nomes são omitidos supostamente para proteger suas reputações.
Lamentavelmente, o mesmo não acontece com pessoas pobres ou membros de minorias raciais, expostos e humilhados diariamente em jornais e programas sensacionalistas de radio e tevê. Acusados muitas vezes injustamente ou coagidos a confissões em delegacias. Esta prática é preconceituosa e contra as garantias constitucionais estendidas a todos os cidadãos brasileiros.

Um abraço do Jota-Jota.
Saúde terceirizada e precária
Do Paciente Impaciente:

– Rubão, médicos e outros profissionais trabalham sem contrato ou carteira assinada no UPA de Guarabira, desde novembro de 2011. O serviço é administrado pelo Instituto Social Fibra, como parte da terceirização promovida pelo o regime do Ricardus I.

Médicos também reclamam que cortaram parcialmente plantões noturnos, para acomodar gastos causados pela demanda de serviços. Chamamos a atenção do Doutor Eduardo Varandas para o flagrante abuso de leis trabalhistas.