Canibalismo

Lena Guimarães 

Em política, as amizades dependem dos projetos individuais. Se forem conflitantes, não resistem ao período eleitoral, por mais que os atores envolvidos tenham boas intenções. E a prática de canibalismo – um querendo digerir o outro e ficar com seus votos – atinge não apenas adversários de outros partidos, mas também os internos.

As brigas que ganham espaços na mídia geralmente envolvem os nomes consagrados, que disputam cargos majoritários – governador,  vice e senador. Contudo, ela é mais comum nas disputas proporcionais, onde os votos dependem muito de apoios regionais – prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias. Quando perdem alguém, seja para um adversário ou companheiro de partido, a guerra é declarada.

No canibalismo é comum a detratação, seguida da vingança, que é tomar uma fatia de votos, cooptando um outro aliado. O líder do governo, Hervázio Bezerra foi acusado pela deputada Léa Toscano, também filiada ao PSB,  de “comprar” os seus prefeitos. Foi rotulado pelo seu marido, Zenóbio Toscano, de agir como “pitbull” nas bases. Ele negou, mas essa teria sido a causa do rompimento dos Toscano com Ricardo Coutinho.

Outro exemplo: o deputado Benjamim Maranhão deixou o PMDB para fundar o SDD na Paraíba, após o tio, o ex-governador José Maranhão anunciar que iria disputar uma vaga na Câmara Federal, passando de seu apoiador a concorrente. Hoje, na condição de presidente de legenda,  negocia aliança com quem antes era adversário, como Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima.

Mas há também o canibalismo inteligente. Ao admitir conversas com o PMDB, que tem Veneziano Vital do Rêgo como candidato a governador, o PSB tenta passa a ideia de que essa candidatura não é definitiva. Na verdade, o peemedebista negocia aliança com o PT,  e se fechar, terá o ex-presidente Lula e a presidente Dilma em seu palanque.

Pela garantia de ser candidato a Senador, o vice-governador Rômulo Gouveira abandonou o relacionamento político de 31 anos com a família Cunha Lima e se uniu a Ricardo Coutinho. Já Cássio Cunha Lima, de aliado prioritário em fevereiro, passou a maior adversário do PSB em março, ao dar passos que confirmaram sua intenção de disputar o Governo do Estado.

Com todos querendo garantir mandatos, vigora na política a lei da selva, onde só os fortes ou muito hábeis sobrevivem.

TORPEDO

O maior exemplo que pode ser citado é o do governador Eduardo Campos, que passou 11 anos ao lado do governo do PT e saiu para ser candidato de oposiçãoo à atual presidente Dilma.

Do senador Cícero Lucena, comentando na RCTV o discurso do PSB de que Cássio traiu Ricardo Coutinho.

Festa para Cássio

A próxima consulta do PSDB sobre as eleições deste ano está marcada para o dia 4 de abril, véspera do aniversário de Cássio. E será em Campina Grande, reunindo todo o compartimento da Borborema. Vão testar o coração do tucano.

Agenda tucana

O presidente Ruy Carneiro, que comandou, ontem, no Vale do Mamanguape, a 3ª consulta aos tucanos, anunciou que depois de Campina, os encontros serão em Cajazeiras e Monteiro. O encerramento será em João Pessoa.