Candidatura de Veneziano não empolga o PP

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Nonato Guedes

“Senas” acumuladas na última eleição municipal para a prefeitura de Campina Grande poderão tornar difícil a absorção da candidatura do ex-prefeito Veneziano Vital (PMDB) ao governo por expoentes do Partido Progressista (PP). O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que está licenciado do mandato na Câmara Federal, evita dar palpites a respeito, em face da postura institucional que resolveu adotar e para não criar problemas à coalizão que dá apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Mas a irmã de Aguinaldo, a deputada estadual Daniella Ribeiro, que foi candidata à prefeitura no pleito passado, não esconde restrições a uma composição com Veneziano.

O pretexto invocado pela deputada é o de que a imposição prévia da candidatura peemedebista reduz a margem de manobra para eventual aliança. No íntimo, Daniella não perdoa o núcleo peemedebista campinense, que atrapalhou um virtual apoio do Partido dos Trabalhadores à sua postulação. O PMDB lançou a candidatura da médica Tatiana Medeiros, que acabou indo para o segundo turno contra Romero Rodrigues (PSDB), por quem foi derrotada. Mas houve estímulo discreto de peemedebistas de expressão para que Alexandre Almeida, ex-presidente do diretório do PT em Campina, se lançasse candidato avulso à sucessão de Veneziano, uma vez que não tinha o apoio formal das direções estadual e nacional para representar a legenda. O então deputado Luciano Cartaxo, atualmente prefeito de João Pessoa, chegou a ir a Campina Grande tentar auxiliar na operacionalização da aliança do PT em torno de Daniella, mas Alexandre bateu pé na postulação. A cúpula nacional petista e o ex-presidente Lula lavaram as mãos no episódio. Daniella ficou privada de tempo precioso no Guia Eleitoral para apresentação de sua mensagem, não podendo, também, mencionar virtual preferência de Lula por sua candidatura.

O PP está articulado na oposição ao governador Ricardo Coutinho (PSB), na Assembleia Legislativa, onde Daniella atua em conjunto com a bancada do PT. A deputada também tem boas relações políticas com o PSC, presidido pelo ex-senador Marcondes Gadelha, cujo filho, Leonardo, suplente de deputado federal, ocupa a vaga de Aguinaldo remanescente da licença por ele requerida para assumir o ministério das Cidades. Marcondes tem defendido a tese de que as oposições devem se aglutinar para a pulverização no lançamento de candidaturas ao governo num primeiro turno, com a condição de se unirem no embate decisivo contra o governador Ricardo, que disputará a reeleição. Marcondes ofereceu-se como alternativa para pulverizar o quadro, e o próprio Leonardo admitiu encarar o desafio. O PP não deverá lançar candidatura própria ao Palácio da Redenção, apesar dos apelos recebidos pelo ministro Aguinaldo Ribeiro, mas Daniella é frequentemente cogitada como opção para a vice-governança num chapão oposicionista que for formado até lá.

Os entendimentos ainda vão se aprofundar, como destaca Marcondes Gadelha, salientando que a conjuntura nacional precisa ficar bem mais nítida a fim de que as disputas estaduais também adquiram contornos mais definidos. Pessoalmente, o ex-senador não vê qualquer problema na pulverização de postulações oposicionistas ao governo, acentuando que o importante é fortalecer o bloco para dar combate à máquina oficial. A perspectiva de uma composição com o PEN não está colocada em pauta, dada a tendência do partido, presidido pelo deputado Ricardo Marcelo (que dirige a Assembleia Legislativa) de se aproximar do PMDB. Marcondes tem externado a convicção de que, apesar do peso da máquina administrativa, o governo Ricardo Coutinho enfrentará uma quota de desgaste durante a campanha eleitoral, abrindo o flanco para que as oposições possam avançar na conquista de votos.