Helio Fernandes
Pela primeira vez na História do Brasil, a campanha eleitoral começou dois anos antes da eleição. Faltam 17 meses, já estão há mais de 5 brigando hostil ou delicadamente. E são sempre os mesmos. Dona Dilma, que não quer sair, Aécio, Campos e Dona Marina, quer querem entrar.
A estratégia dos três supostamente candidatos é levar a disputa para o segundo turno. Mas no caso deles, a palavra suposta é a mais adequada. O único que é candidato mesmo é Aécio. Aos 53 anos, já é pré-candidato há 15, está ficando insuportável. Dona Marina não tem partido, vai formá-lo com ajuda de adversários, mas não tem votos, nem dela nem deles.
Eduardo Campos já disse textualmente: “Meu carro presidencial não tem marcha a ré”. As pesquisas reservadas que manda fazer, nada agradáveis. Só confirmará a candidatura se aparecer na frente de Aécio, coisa que não tem acontecido. Concorrer para ter que apoiar Aécio, opção que não lhe agrada.
LULA TAMBÉM
FAZ PESQUISAS
Ao contrário de Campos, o Instituto do ex-presidente faz levantamentos sobre as possibilidades dele e de Dona Dilma. E tem ficado satisfeitíssimo. Na pergunta “quem tem mais chances de ganhar, até mesmo no primeiro turno”, Dona Dilma aparece sempre atrás dele. E nas últimas pesquisas, que Lula ainda nem sabe que estão sendo feitas, a vantagem dele vai aumentando.
Dona Dilma não conhece as pesquisas, mas por intuição e por conhecer o seu “grande eleitor”, vai percebendo que ele está cada vez mais inquieto. O que demonstra que Lula está “faminto” de votos, de eleição e de Poder. Por causa disso, Dona Dilma tem se aproximado cada vez mais de Lula, nunca estiveram tão pertos.
Com exceção de Dona Dilma, todos apostam no segundo turno, que foi inventado, criado e colocado em ação por De Gaulle, com o nome de “Ballotage”. Na primeira eleição presidencial da França, em 1958 (antes o primeiro-ministro é que era eleito), De Gaulle foi para o segundo turno com Mitterrand, que não queria ser candidato.
Socialista que tinha horror dos comunistas, respeitava De Gaulle por causa de seu comportamento na Segunda Guerra Mundial. Os socialistas exigiram, teve que disputar.
A SOFRIDA DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
DE EDUARDO CAMPOS
Como tenho dito, esse é um enorme obstáculo para o governador de Pernambuco. Os outros, sejam quais forem, estão livres e desembaraçados. Dando marcha a ré no seu carro presidencial, Campos garante o domínio da sucessão estadual, escolhe seu candidato e, no cargo, escolhe quem quiser e mantém o importante estado de Pernambuco.
LULA QUER
MUITOS CANDIDATOS
Sem elogio ou supervalorização, a constatação: Lula é um grande jogador político. Já era antes de chegar ao Poder, aprimorou essas condições, hoje é um estrategista de reputação interna e externa. Daí o fato de estimular todos os possíveis candidatos ou adversários. Não se conhece ataque de Lula a todos ou a algum deles.
Se os três confirmarem as candidaturas, Dona Dilma já era. E o prazo tem data fixa para Campos e, lógico, para os outros. Entre março/abril de 2014, Campos terá que deixar o cargo. Se ficar, desistiu. De qualquer maneira, Lula terá um ano para mobilizar o PT e se lançar. Seu domínio no partido é tão grande, que não precisa de tanto tempo.
ROBERTO CAMPOS ACABA COM
A ESTABILIDADE NO TRABALHO
Insensatamente nomeado por Jango embaixador nos EUA, voltou depois do golpe, como embaixador dos EUA no Brasil. Logo empresários americanos vieram sem dinheiro comprar empresas brasileiras, o dinheiro conseguiam aqui. Para que servem as colônias?
Encontraram um empecilho: o passivo trabalhista, volumoso. Vigorava a estabilidade por tempo de serviço, ou seja, depois de 10 anos de casa, o trabalhador não podia mais ser demitido sem justa causa. Não era problema. Campos resolveu tudo e imediatamente.
O governo “encampou” as dívidas do passado. Para o presente e o futuro, foi criado o FGTS. Só que a partir daí, os trabalhadores foram obrigados a contribuir, o que não existia antes. E passaram a chamar esse FGTS de “oitava maravilha”.
340 MIL CARROS
FABRICADOS EM ABRIL
No ano passado eram produzidos em média 280 mil carros, exportados 60 mil. Agora (com isenção do IPI), são 340 mil, e quase nenhuma exportação. A ANFAVEA explicou: “Licenciamos 334 mil carros, quase todos no Rio e em São Paulo”. Não precisava de explicação, os engarrafamentos são elucidativos. Dentro de alguns anos, ninguém sairá de carro. Ou sai de casa, dá uma volta no quarteirão, e faz o quê? E os prejuízos colossais provocados por esse engarrafamento permanente?
A BRILHANTE CARREIRA
DE SERGIO CABRAL
Nunca trabalhou na vida, jamais teve patrão. Apostou na carreira político-eleitoral. Perdeu duas eleições para prefeito, parecia liquidado. Não só sobreviveu politicamente, como progrediu assombrosamente na sua geografia financeira. Apartamento aqui, mansão e iate em Mangaratiba.
Feito senador, governador eleito e reeleito, não vê expectativa agora, e sim em 2018. Mas como não quer ficar inativo, pretende ser embaixador em Paris. Iria em 2014, voltaria em 2017, pronto para retomar o futuro.
EX-GOVERNADOR
ESPIRIDIÃO AMIN
Fez uma declaração importante e que estava escondida. Textual: “Relator da PEC 33 na Comissão de Constituição e Justiça, fui destituído, por não concordar em redigir um texto garantindo a vitória da PEC inconstitucional”.
O que ele não disse, mas é rigorosamente verdadeiro; a pressão veio do PT, e que aqui mesmo, antes de qualquer um, chamei de retaliação. Essa PEC 33 era conjugada com a cassação dos poderes de investigação do Ministério Público.
AFIF PODE ACUMULAR
OS DOIS CARGOS
No passado, juristas já opinaram sobre o que o vice-governador pode ou não pode fazer. Entendimento consagrado: “Vice não é cargo, é expectativa de cargo”.
Por essa decisão, o vice fica na “expectativa”, mas se assumir, por um dia que seja, perde o cargo de ministro. E se for renomeado, aí deixa de ser vice.