Calçadas assassinas

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Rubens Nóbrega

Chamo a atenção do prefeito Luciano Cartaxo, da Capital, para a seguinte informação publicada na edição de ontem deste Jornal da Paraíba, com base em estatística da Secretaria Estadual de Saúde:

– De janeiro deste ano até a semana passada, 32 pessoas com 60 anos ou mais morreram na Paraíba em decorrência de fraturas ocasionadas por queda. De 2011 para 2012 houve um aumento de 56,8% no número de óbitos de idosos por esse motivo, já que a ocorrência saltou de 95 casos para 149, ano passado. Desse total, 95 (63,7%) dos que morreram por complicações oriundas de queda tinham 80 anos ou mais.

Entre os que escaparam, talvez por milagre, quem sabe muita sorte, está o aposentado José de Arimateia Cantalice, 67 anos. Segundo a matéria do JP, assinada por Jaine Alves, aquele cidadão já sofreu três quedas quando passeava – olha só, Senhor Alcaide – pelo Centro de João Pessoa.

– Tropecei nas calçadas, mas Graças a Deus nenhuma dessas vezes cheguei a fraturar algum osso, mas sempre fiz compressa de gelo em casa, porque ficava dolorido o local. Caminho diariamente, cerca de uma hora, para fortalecer a musculatura e ter mais resistência – declarou Seu Ari à reportagem do JP.

Acorde pra Jesus, Prefeito!

Estou me dirigindo ao Prefeito da minha cidade para tentar, mais uma vez, fazer com que Luciano Cartaxo acorde pra Jesus e sinta quão grave é ele e os secretários que deveriam cuidar da questão permanecerem indiferentes e omissos diante da buraqueira no passeio público de João Pessoa.

No Centro da Capital, principalmente, e especialmente nas ruas de maior fluxo de pedestres ou mais particularmente nas chamadas ruas do comércio, nós já não temos propriamente calçadas, mas pisos irregulares cheios de obstáculos e armadilhas capazes de derrubar, aleijar e até matar quem passa sobre elas.

Evidente que nem todas as quedas de idoso acontecem nas ruas. Muitas, dentro de casa. Mas aí a responsabilidade é privada, não dá pra cobrar cuidados das vítimas ou de seus familiares. Agora, na rua… Na rua é diferente. Na rua, espaço público de fruição coletiva, a responsabilidade é do poder público, é da Prefeitura, do prefeito da cidade. Responsabilidade intransferível.

Não se vê qualquer iniciativa

Como se já não bastasse a Prefeitura ignorar por completo a existência de um Estatuto do Pedestre, lei em nosso município há três legislaturas (muito provavelmente aprovada com o voto do então vereador Luciano Cartaxo), não se vê qualquer reação, sinal ou intenção do gestor ou de sua equipe de adotar providências sequer para uma singela operação tapa-buracos em nossas calçadas assassinas.

Espero, torço e até rezo, se necessário, para que todos os transeuntes, sobretudo os mais velhos, andem sempre atentos e prestem atenção por onde caminham e onde pisam em João Pessoa. Só espero, também, que a população não precise ver um figurão da sociedade ou de governo morrer em consequência de queda mortífera por nossas calçadas para, somente assim, a Prefeitura se bulir e, enfim, mostrar que está positiva e operante feito o policiamento de exibição que desfila na orla.

A maldade desse Potinho…

Potinho de Veneno me ligou ontem para dizer que o senador Cássio Cunha Lima lembra como nunca o pai na sutileza com que faz campanha. “Como assim?”, perguntei, intrigado com a insinuação, apesar de já sabê-la maldosa, de antemão.

– Camarada, se ligue! De repente, o homem está pronto para receber título de cidadão honorário de João Pessoa, em solenidade próxima toda trabalhada na mídia pelo autor da homenagem, o vereador Raoni Mendes. E, não mais que de repente, o Velho Dodó (refere-se ao deputado Domiciano Cabral) descola uma medalha para homenagear o senador na Assembleia. O que tu achas de tudo isso? Achas que é assim, do nada? – provocou.

– Acho normal, Veneno… – respondi, sem muita convicção, confesso, dando motivo pra ele destilar contra mim.
– Achar por achar, camarada, acho que ou tu és muito ingênuo ou estás fazendo igual ao pessoal de Ricardo Coutinho que vigia Cássio. Só cubando, só cubando…

Afrouxem o colarinho branco!

O diligente e competente jornalista Lenilson Guedes trouxe ontem, no Jornal da Paraíba, péssima notícia pra muito bacana metido na política doido por um ou mais um mandato ano que vem. Sob o título ‘TJPB ainda não cumpriu a Meta 18, revela CNJ’, a matéria assinada por Guedes avisa: “Meta 18 tem como objetivo julgar até o final de 2013 todas as ações de improbidade administrativa e penais de crimes contra a administração pública”.

Significa o seguinte: se julgados e condenados este ano por alguma câmara ou o colegiado inteiro do TJ, muita ‘gente boa’ deve ingressar na turbulenta zona da inelegibilidade da faxinosa Lei da Ficha Limpa. Já deve ter alguém por aí desde já suando frio, sentindo aquele sufocamento que faz o cara afrouxar o nó da gravata pra ver se consegue respirar.