Caciquismo e mediocridade

Paulo Santos

Não há quem consiga vislumbrar estratégias dos partidos políticos paraibanos visando aos próximos confrontos. Num visível retrocesso da cultura política, as agremiações estão sob o domínio de “caciques” que abominam a convivência democrática e detestam submeter suas decisões ao crivo dos correligionários.

A demonstração cristalina dessas distorções, na formação dos partidos paraibanos, está nas constantes crises que aqui e acolá afloram nas relações internas e externas. Quem se debruçar sobre os fatos recentes verá que essas “crises” são, na maioria, frutos de interesses contrariados e que nada têm a ver com os interesses da população, não se prestam ao bem comum. Ao contrário.

A concentração de poder na nos chicotes de meia dúzia de “donos” de partidos resulta na deseducação das lideranças políticas e, sobretudo, no afastamento desses condomínios das necessidades da maioria. É a completa negação das finalidades e absoluta distorção dos conceitos.

Isso não acontece por acaso. A cada novo partido que surge nesse emaranhado de siglas surgem ditadores travestidos de democratas que tratam de manipular sues interesses de tal forma que esse nicho político seja apenas mais uma “igrejinha” sem qualquer relação com o eleitor, com os mortais comuns.

É bem verdade que boa parte da culpa por essa distorção está no comportamento de boa parte da imprensa, sobretudo dos grandes conglomerados de comunicação que, da mesma forma inescrupulosa dos políticos, manipula a informação sem qualquer controle por parte de instituições tidas como fiscalizadoras ou reguladoras.

À essa banda podre da imprensa se junte, nesse liquidificador, entidades de classe que se acovardam diante da força emanada dos birôs políticos e se acotovelam em busca de favores para seus dirigentes e familiares, escudadas em atitudes falsamente sérias ou em fantasiosas e patéticas demonstrações de falsa humildade.

O “toma lá, dá cá”, o “é dando que se recebe”, a descarada reciprocidade de favores e o encolhimento moral de homens e instituições favorece a esse cenário sombrio de deixar sob a responsabilidade de uns poucos a condução do processo político, possibilitando o surgimento dessas crises superficiais que não passam de conflitos de interesse.

Curioso é ouvir, sobretudi bos veículos de comunicação mais comprometidos com a mediocridade política, uns fazendo “acusações” a outros, cunhando expressões que seriam sérias se não fossem ridículas. Há os que já nem se preocupam em usar máscaras. Agem cara a cara com o eleitor, amparados pela impunidade e pela alienação daqueles que deveriam estar denunciando esses falsos lideres.

As verdadeiras crises existentes na Paraíba não atingem os “caciques” políticos. Ao contrário. Muitos deles estavam nesta terça-feira (23) aplaudindo Lula num desvario que esconde o mensalão escorrendo pelos esgotos desses país, a transposição do rio São Francisco com suas obras paradas e a epidemia de dengue grassando pelo Nordeste como uma praga. Só na Paraíba já são mais de 11 mil pessoas diagnosticadas com a doença.

Tentar explicar o que acontece com a política paraibana atualmente não é dar um salto no escuro: é uma tentativa de suicídio pulando num mar de lama. Falsos profetas têm surgido em cada esquina na mesma proporção em que surgem “analistas políticos” enchendo os periódicos com leituras tão óbvias quanto irreais.

Não há perspectivas de mudanças, infelizmente, porque o analfabetismo político continuará prevalecendo. O oportunismo continuará massacrando o que ainda resta de credibilidade em alguns personagens. E, ao que parece, Deus tirou um daquels seus cochilos que duram 200 anos – como diria Biu Ramos.