Brasil tem queda no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU

Apenas 19 países não tiveram progresso no IDH no ano

economiaO Brasil caiu uma posição no ranking global do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em 2014, ano em que a estagnação da economia levou a uma retração da renda por habitante no país.

De um total de 188 países avaliados, o Brasil ficou na 75ª colocação. Em termos absolutos, o índice brasileiro melhorou, mas o país foi superado na classificação por Sri Lanka, que no ano anterior estava empatado na 74ª posição.

Apurado por uma equipe do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o IDH reúne indicadores de expectativa de vida ao nascer, escolaridade e renda per capita. Quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento.

O IDH do Brasil ficou em 0,755 no ano passado, enquanto no ano anterior o número havia sido de 0,752. No período, os indicadores de expectativa de vida e de escolaridade do país continuaram a trajetória de melhora verificada desde 1990, quando o índice foi divulgado pela primeira vez, mas a renda per capita caiu.

Apenas 19 países não tiveram progresso no IDH no ano. No geral, trata-se de países que estão nos extremos do ranking –como Dinamarca (4ª posição) e Guiné (182ª)– ou que enfrentam guerras ou crises econômicas e políticas –como Síria (134ª), Iraque (121ª) e Venezuela (71ª). A lista foi mais uma vez liderada pela Noruega. O último colocado foi o país africano Níger.

A coordenadora do Atlas do Desenvolvimento no Pnud no Brasil, Andréa Bolzon, afirmou que, diante da retração da economia brasileira observada este ano, é possível que o indicador global do país sofra uma piora. “Vai ter um reflexo na renda, o que pode puxar os outros indicadores para baixo.”

Ela frisou que o fato de o Brasil ter melhorado seu índice no ano passado demonstra a “resiliência” das famílias, o que atribuiu à rede de proteção social do país –o relatório do IDH destaca o Bolsa Família, recomendando que o programa seja replicado em outros países.

Bolzon destacou, ainda, que o IDH é mais influenciado por indicadores estruturais, que demoram algum tempo para sofrer variações significativas. De 1990 a 2014, o IDH do Brasil cresceu a uma taxa média anual de 0,91%, passando de 0,608 para o patamar atual. Foi o maior crescimento da América do Sul, Em 2014, a alta foi de 0,40%.

O Pnud divulga também um IDH que incorpora o impacto da desigualdade sobre o desenvolvimento. Com esse ajuste, o Brasil cai 20 posições no ranking e seu indicador fica em 0,587.

TRABALHO

Paralelamente à divulgação do índice, o relatório anual do IDH também discute questões específicas relacionadas ao desenvolvimento humano. Neste ano, o tema foi o trabalho. Segundo o documento, atualmente há cerca de 204 milhões de desempregados no mundo e 1,5 bilhão de pessoas estão em trabalhos considerados vulneráveis (em geral, informais).

O relatório afirma que, para aumentar o desenvolvimento por meio do trabalho, as políticas públicas devem se concentrar em criar oportunidades de emprego, assegurar o bem estar dos trabalhadores e adotar ações focalizadas em grupos específicos, como os jovens.

Ao mesmo tempo, reconhece que as relações de emprego estão mudando e se tornando menos estáveis e duradouras, e que os países precisam construir um novo contrato social que proteja os trabalhadores nesse cenário.

Folha de S. Paulo