Rubens Nóbrega

Fiquei todo ancho, ontem, ao encontrar na minha caixa postal duas mensagens de dois estimados amigos e colaboradores de altíssima qualidade. Um deles cuida dos bufões, dos bobos da corte, que de bobos nada têm como veremos a partir deste ponto.

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Prezado Rubens Nóbrega, além de consultor de marketing, uma outra atividade, que venho exercendo atualmente é de turista profissional. Modestamente, já conheci mais 85 países nas três últimas décadas. Então, como turista profissional, gosto de conhecer castelos e museus nas localidades visitadas e, principalmente, conhecer as histórias das pessoas que moravam nesses castelos.

Pois bem, em todos os castelos existia uma pessoa que os guias turísticos gostam de narrar para os visitantes. Trata-se do Bouffons ou Fous (loucos). Como você sabe, o papel deles era romper o tédio do Rei. Mas, com o tempo, o Fou deixou de ser considerado louco para ser um técnico. Para onde ia o Rei o Fou o acompanhava, em particular durante as reuniões públicas, nos banquetes e em outros eventos onde a presença do Rei era obrigatória.

, na verdade, era uma figura importante na corte, pois fazia o papel do espelho do Rei, o alter ego, e era a única pessoa que podia até zombar do soberano. Mas, amigo Rubens, o que isso tem a ver com você? É porque sou leitor assíduo de sua coluna e você quase sempre escreve sobre o rei que ora ocupa o Palácio da Redenção.

Voltando ao assunto do Fou, o emprego dele, de certa maneira, era equivalente ao de um funcionário público dos dias atuais. Todos os reis que moraram nos castelos visitados tiveram então seu próprio Fou, que podia ser… Uma Folle, uma das raríssimas profissões que as mulheres tinham o direito de exercer naquela época.

O Fou ou a Folle também exercia a função de Guarde-fou (Protetor), ou seja, eles revelavam coisas que o rei não podia falar, expressavam também opiniões que o rei não podia transmitir aos seus auxiliares diretos. Afinal, como eram considerados “loucos”, a eles tudo era permitido e engraçado.

Ledo engano! Tecnicamente eles faziam parte de uma estratégia bem montada de marketing. O negócio era tão sério que na França, François I (século XVI) criou uma Ecole des Fous.
Bem, por enquanto ficam por aqui as histórias dos Fous e Folle. Agora, você, como experte em política e no caracterizar pessoas nesse segmento, pergunto, amigo Rubens: existe Fou ou Folle na corte atual do castelo (Palais du Rédenption)?

Com sinceridade e apreço, Rigoletto Faustaff.
Um faz-tudo sabe-tudo
Não consigo imaginar quem exerceria o papel de bobo da corte no Ricardus I, mas o amigo Val já sabe quem é o faz-tudo sabe-tudo desse governo, em resposta à lebre levantada ontem por seu quase xará Dal a respeito dos polivalentes e policompetentes que passeiam por diversas gestões públicas.

No presente caso da administração estadual, o faz-tudo sabe-tudo, segundo Val, “é o próprio”, diz ele, referindo-se obviamente ao governador Ricardo Coutinho, que na definição do colaborador possui um traço de personalidade explicador do tratamento que o governante dispensa ao comum dos mortais.

Na visão do monarca, ainda conforme Val, tirando alguns membros da Corte, o resto nada sabe porque de nada entende e do pouco que entende nada faz direito. Seríamos uns tapados completos.

“Eu acredito que a figura do faz-tudo e do sabe-tudo do condomínio aplica-se ao Coletivo RC, onde Ricardus I (L’Paraiba c’est moi) é motorista, cobrador, mecânico e, se Deus quiser, o último passageiro a desembarcar na Estação 2014”, explica Val.

O problema é que o soberano estaria utilizando o acúmulo de poder e funções para fazer o mal, porque no mal que faz pensa estar o bem do seu projeto de poder, um projeto fundado no confronto, na perseguição, na retaliação, na desagregação e na ruína de muitos por ele atingidos.

“Além de se julgar onipotente, onisciente e onipresente, Ricardus I age e não encontra barreiras, nem da Justiça nem do Ministério Público, para se comportar como quem está acima da lei e dos homens, ou seja, acima de todos os governados”, aprofunda Val, acrescendo ligeiro retrospecto do que foi até agora o governo:

– Em dezoito meses de gestão, o Imperator conseguiu desagregar a classe médica; criou caso com os professores; praticou queda de braço com o pessoal do Fisco e das Polícias Militar e Civil; desrespeitou PCCS consolidados, como do IPEP, do Fisco, do DER e de outras categorias; vive em litígio com o Ministério Público do Trabalho com o caso da terceirização da Saúde (vide Hospital de Trauma); e, como se fosse pouco, ainda insulta a nossa inteligência apresentando-se como fazedor de obras, sobretudo rodovias, que encontrou em andamento, quase concluídas ou licitadas e contratadas pelo governo anterior.
Ao amigo Bosco Gaspar

Falhei nas atenções, faltei às visitas que me prometi, ficarei devendo homenagem à altura da amizade e digna do seu caráter. De qualquer modo, qualquer dia a gente se reencontra, Bosquinho.