Bed e Boy. Do plenário ao botequim

Amadeu Robson Cordeiro – Auditor Fiscal

Em um bar escuro na orla da nossa capital, acompanhado de uma música bastante sombria, dois jovens deputados (Bed da oposição e Boy da situação), conversam calmamente, enquanto sorvem alguns drinks e petiscos…

Dep. Bed – Escuta, Boy, ta vendo que a Paraíba não acabou, apesar de tudo o que disseram e de tudo o que estão fazendo. Isso não é horrível? Então, estamos realmente sós e ninguém irá nos ajudar a salvar nosso povo?

Dep. Boy – Ora, Bed, você sempre ingênuo! Acreditou mesmo, caro colega, que a Paraíba pudesse acabar? Ainda não aprendeu que nem tudo acontece como nos contos de fadas!

Dep. Bed – Infelizmente não, mas você também acreditou que a Paraíba pudesse acabar, não é verdade? Vamos, confesse. Confesse que desejou e que sentiu medo! Para mim, pode tirar a sua máscara!

Dep. Boy – Talvez, Bed, talvez… Por alguns instantes… eu pensei que poderia ser bom ver tudo desmoronando como castigo por tudo que já fizemos. Seria melhor vê-la numa destruição nítida do que senti-la de forma velada, corroendo aos poucos, matando a míngua. A Paraíba está em chamas e ninguém parece perceber. Eu queria que os cegos enxergassem…

Dep. Bed – Se pudéssemos alertar ao povo de uma forma mais explicita, sem sermos castigados pelo governo, seria bom para todos. Mas a Paraíba é grande camarada. Há tantas pessoas. Todos têm filhos, mas, são desamparados e despreparados, alguns até ignorantes e iludidos.

Dep. Boy – Não sei, Bed, talvez sintam atração pela desgraça ou queiram que a ruína se torne total, para que não tenham mais nenhum tipo de esperança. Pode ser que queiram o fim logo. Perderam a fé.

Dep. Bed – Assim como nós, não é, Boy? Tenho horror a tudo isso, sinto náuseas quando percebo que pessoas do Poder a minha volta não sabem falar, não sabem ouvir, não sabem quem são, onde estão, e não sabem nada, absolutamente nada. Se somos tachados pela Corte como anfíbios, é lá, que sobrevivem os sanguessugas do charco, da lama, do lodo e das latrinas do Poder.

Dep. Boy – Tem razão e vejo isto todo o dia. Como se não bastasse, todos querem impressionar e não sabem por quê. Querem o poder e não sabem por quê. Querem decapitar o servidor público usurpando suas conquistas, e não sabem por quê. Querem dinheiro, e não sabem por quê. Querem cristianismo e, no entanto, não são cristãos. Querem o socialismo, mas têm espírito burguês. Querem o capitalismo, e não são maus suficientes. Em tudo há farsa, somente farsa.

Dep. Bed – E ainda nos acusam! Isso é hilário! São tão afetados, tão irritados, tão apressados, e, no entanto, não sabem por quê! Eu me divirto vendo com que seriedade levam suas vidas, com que seriedade administram a Paraíba e com que seriedade se fingem comovidos.

Dep. Boy – A Paraíba nada mais é que uma brincadeira. No meio deste temporal sofremos pelo silêncio de quem não pode e não deve silenciar. Na verdade e infelizmente, é assim que vejo, apenas, finjo não ver. Nem mesmo o intelecto foge a regra, somos marionetes, apenas mais um instrumento pra eles brincarem de faz-de-conta entre as colunas do Poder, apenas isto!

Dep. Bed – É, e vão continuar olhando pra gente com essa admiração tola, com medo, com inveja, com perseguição, como se soubéssemos algo que eles não sabem, e não sabem mesmo! Eles nos temem porque os enxergamos como eles realmente são.

Dep. Boy – Vamos esquecer esses hipócritas, essas pequenas formigas de asas, que nunca se tornaram tanajuras. Vamos embora lá para o Ancoreta continuar bebericando e rindo deles. Diga, Bed, se a Paraíba acabar, tem como você me salvar? Apenas eu!

Ao final do encontro, todos estavam cantando: “cai, cai, tanajura que é tempo de gordura; cai, cai, tanajura que é tempo de gordura; cai…. cai…