A bebê de dois meses que recebeu a vacina da Pfizer contra a Covid-19 no lugar da vacina pentavalente em Sorocaba (SP) teve convulsões e passará por exames para identificar a causa das crises, segundo a família informou à TV TEM nesta terça-feira (7).
Já a outra criança, um menino de quatro meses, continua com febre alta e deve ficar internada por mais sete dias, fazendo uso de antibiótico através de um cateter.
A vacinação nos bebês ocorreu na quinta-feira (2). Conforme informou a Secretaria de Saúde, as duas crianças iriam receber a pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra uma bactéria responsável por infecções no nariz, meninge e garganta, mas acabaram sendo vacinadas contra a Covid com a Pfizer.
Por ora, a técnica de enfermagem, que fez a aplicação na unidade de saúde do bairro Nova Sorocaba, na zona norte, foi afastada da sala de procedimentos injetáveis até a apuração e verificação das medidas que serão tomadas.
A prefeitura também abriu procedimento interno para apurar a responsabilidade da funcionária que trocou as doses, que foram aplicadas na unidade básica.
A Secretaria da Saúde informou que também entrou em contato com o Centro de Vigilância Epidemiológica do estado de São Paulo, o Ministério da Saúde e a fabricante da vacina, que relataram casos semelhantes ocorridos em outros locais, com sintoma de febre apresentado.
A orientação desses órgãos foi de que as crianças permanecessem em observação de 10 a 15 dias. Além de febre, um dos bebês apresentou vômito e irritabilidade.
Após a internação, as duas crianças não precisaram de remédio, mas receberam soro e, na manhã de sexta-feira (3), conseguiram tomar leite normalmente. Os bebês passarão por um teste de sorologia e, em seguida, receberão a dose correta da pentavalente.
Técnica de enfermagem afastada
De acordo com o diretor clínico do Gpaci, esta foi a primeira vez que o hospital recebeu um caso de bebês que tomaram vacinas contra a Covid por engano.
À TV TEM, o secretário de Saúde explicou que o erro foi descoberto no dia seguinte à aplicação, durante a checagem ao estoque de vacinas. A técnica de enfermagem responsável pelo ocorrido alegou que confundiu os frascos, pois ambos são parecidos.
Ela foi afastada dos procedimentos injetáveis e deslocada para uma área interna da unidade. Enquanto isso, segundo o secretário, foi instaurado um procedimento administrativo para definir quais medidas devem ser tomadas.
Vinicius disse ainda que, logo após ter sido acionado pela equipe da UBS, entrou em contato com o Ministério da Saúde e com a farmacêutica responsável pela fabricação da vacina contra a Covid-19, sendo informado de que outros casos semelhantes já foram registrados no país e que as crianças tiveram febre por dois dias, mas depois ficaram bem. Os órgãos também recomendaram que os bebês fiquem em observação por um período de dez a 15 dias.
‘E se matasse a minha filha?’
Mães de bebês que tomaram vacina contra Covid em Sorocaba — Foto: Reprodução/TV TEM
As mães dos dois bebês relataram o momento de desespero que viveram quando receberam a notícia do erro. Ana Cláudia Mugnos Riello contou que, horas após a vacinação, a filha teve febre e parou de tomar leite.
“O secretário de Saúde chegou e falou: ‘olha, mãe, três crianças foram vacinadas com a penta aqui ontem. Duas delas receberam a da Covid. Nós não temos como saber quais destas crianças foram as que receberam’. Pediram desculpa, só que é uma vida. E se matasse a minha filha?”, conta.
Para Kathillyn Monteiro da Silva, o susto foi ainda maior. Ela estava em casa quando recebeu a visita do secretário municipal de Saúde. O filho dela, de quatro meses, deveria ter recebido o reforço da vacina pentavalente, mas também foi aplicado o imunizante da Pfizer.
“Como uma pessoa pode dar uma coisa errada para uma criança? É um neném ainda. Chorei muito, porque se acontece algo com meu filho?”, diz.
A Pfizer já anunciou que pretende pedir autorização para o uso da vacina em bebês acima dos seis meses nos Estados Unidos. No Brasil, a fabricante é a única autorizada pela Anvisa para ser usada nos adolescentes a partir dos 12 anos.
Fonte: G1
Créditos: G1