Bandidos à vontade na PB

Rubens Nóbrega

Gilvan Freire foi a Patos há uma semana, mas não conseguiu chegar. Voltou de Soledade, onde populares e autoridades municipais interditaram a Br 230 e vias paralelas em protesto contra a crescente violência na cidade e no campo.
Conversando com alguns manifestantes, Gilvan soube que em Soledade o comércio estava fechando as portas antes do anoitecer para evitar os assaltos e outros crimes que ameaçam vida e patrimônio das pessoas de bem.
Pois é, coisas ruins e tristes acontecem também em Soledade, parada obrigatória para lanches e refeições de nove entre dez viventes daqui e de outros estados que viajam de ônibus, carro ou caminhão indo para o Sertão ou vindo de lá.
Todo mundo sabe que a economia do lugar vive praticamente dos milhares de passageiros que fazem um pit-stop nos bares, restaurantes, quiosques e fiteiros para um sanduíche, um pedaço de queijo e bolo com café, um prato feito…
É um público consumidor que passa por Soledade todo dia, o dia todo, mas de uns tempos pra cá não pode se abastecer a qualquer hora, pelo visto. Imaginem, então, o tamanho do prejuízo para quem já não pode abrir seu estabelecimento 24 horas por dia.
E tudo isso por causa da facilidade, desenvoltura e impunidade com que os bandidos agem no interior da Paraíba, sem que o Governo do Estado ofereça resposta à sociedade, muito menos segurança de qualidade com a intensidade que o povo precisa.


No Brejo seria pior

Depois de conversar com Gilvan, lembrei do jornalista Wellington Farias, que tempos atrás, embora recentes, queixava-se das limitações de horário para viajar da Capital à sua Serraria, aonde só chegava de alternativo.
Não sei se ele já perdeu o medo de guiar carro, mas até dois anos atrás WF dependia de carona ou do chamado transporte clandestino para ensinar música e violão de graça aos seus conterrâneos mais carentes. Mas a viagem era sempre problemática…
Ele tinha que vencer a Ladeira do Moura e alcançar a entrada de Borborema até duas da tarde, no máximo. Mais um pouquinho e ninguém – motorista de lotação ou mototaxista – arriscava-se subir a serra, com medo de assalto.
Lembrando o compadre, lembrei também do colega (de UFPB) Guilherme Torres, que perdeu bons vizinhos de sítio no Brejo, igualmente tangidos para a periferia da cidade por ordem de bandidos que aterrorizam a zona rural da região.
Famílias inteiras fugiram de suas propriedades, abandonando casas, criações e plantações. Algumas delas foram embora temendo serem dizimadas por completo pelos facínoras que mataram algum parente e não se contentavam com desgraça pouca.
E o pior de tudo isso é saber que não existe a quem recorrer. Num Estado onde mais de 150 cidades têm a protegê-las dois ou três policiais, no máximo, não admira ver o campo completamente despoliciado e crescentemente despovoado.
Cidades inchadas
Trago periodicamente o assunto a este espaço na esperança de algum progresso nas atenções e providências das autoridades. Mas fiquei desanimado ontem, ao receber matéria do Studio RuralPrograma Domingo Rural (studiorural.com).
“Famílias de agricultores estão numa corrida desenfreada e crescente para os centros urbanos da Paraíba em razão da onda de roubos, assaltos, agressões e mortes registrada de forma assustadora na zona rural das microrregiões do Estado”, denuncia Studio Rural em ‘Cidades lotam e campos esvaziam na PB por falta de segurança’.
A matéria, publicada segunda (26), acrescenta que a violência faz com que “comunidades inteiras deixem pra trás todas as formas de estrutura, conquistas e investimentos feitos nas unidades produtivas do meio rural” e que uma das formas de “encontrar alternativas para a situação” foi fazer barricadas nas BRs em todo o Estado.
Uma das paralisações aconteceu no dia 20 deste mês, na BR 104, entre Lagoa Seca e Lagoa de Roça, reunindo ainda caravanas de agricultores de Queimadas, Massaranduba, Alagoa Nova, Matinhas, Esperança, Lagoa Seca, Montadas, Areal, Remígio, Arara e Casserengue.
Os participantes de tais manifestações foram mobilizados pela organização conhecida como Asa (Articulação do Semi-Árido), que tenta despertar a sociedade para a gravidade do problema e cobrar ação do Governo do Estado no sentido de prover segurança para todos e todas, como diria Sandra Marrocos.
Pra vocês terem ideia do mal que a diáspora representa, Asa mostra que conquistas como cisternas de placas, cisternas calçadão, ações com fundos rotativos e todas as outras estruturadoras nas propriedades “estão sendo deixadas pelas famílias que estão procurando as periferias das cidades como forma de estabelecer moradias e fugir de práticas de terror praticadas por marginais no meio rural”.


Se todos fossem iguais a…

Furtaram o celular de Potinho de Veneno. Ele quer saber se, dando queixa, a Polícia terá o mesmo empenho e agilidade com que recuperou em tempo recorde o aparelho da primeira-dama do Estado. O que vocês acham?