Marcos Tavares

A Bahia possui uma estranha dicotomia que divide sua cultura de maneira fatal. Repositório de muita brasilidade, raiz de toda nossa negritude, terra de grandes compositores, a Bahia é ao mesmo tempo o porto seguro de coisas como o axé, a música de pior qualidade que se faz nesse Brasil. A pátria de Caymi, Gil e Caetano também abriga os grupos pasteurizados que tornaram o Carnaval brasileiro irrespirável e que anualmente nos brinda com mais uma de suas palhaçadas, passageiras, mas incômodas. Da dança da garrafa até outros fenômenos pouco recomendáveis, a Bahia faz hoje uma música fast-food impossível de digerir.

Todos os anos, os abençoados filhos do Senhor do Bonfim se acham na obrigação de lançar uma nova dança ou um novo ritmo no mercado. Como nós, os humanos, temos apenas uma bunda e dois braços, as coreografias acabam por ser repetitivas e ridículas, todas explorando o apelo erótico de alguma nova musa que resolve subir no trio para subir na vida. Gente de talento, como Ivete Sangalo e Daniela Mercury, acaba por se render a essa facilidade e o resultado é a música de mais baixa qualidade com letras monossilábicas e grunhidos que nos remetem a uma idade mais remota. Essa é a receita da Bahia para ganhar dinheiro.

Já se disse que a Bahia faz o melhor carnaval africano do Brasil. Nada mais certo. A negritude deixou de ser um movimento cultural para se transformar num nicho de mercado. Negro na Bahia é produto de exportação, seja lavando as escadarias da igreja seja retorcendo-se em algum afouxé que arrasta turistas pelas suas ladeiras. De tanto explorar sua brasilidade e negritude, a Bahia acabou por criar uma caricatura mal resolvida dessa brasilidade e dessa cor e hoje lembra mais o Brasil que Hollywood idealizava do que o Brasil baiano que teve suas raízes fincadas nas nossas melhores tradições.


Gastos

Não consigo admitir que uma prefeitura pobre como a da capital, asfixiada por problemas gravíssimos como saúde, mobilidade e educação se disponha a gastar 2,6 milhões de reais no projeto Folia de Rua.
Folia de Rua não é carnaval do povo. É um movimento classe média alta criado por intelectuais e é tão distante do carnaval que acontece antes. Mas como nosso prefeito é um folião inveterado, dono de bloco no Folia, não hesitou em jogar pela janela – e na farra – esse suado dinheiro dos contribuintes.
Acho que ele precisa entender que existe outra cidade além do Picolé de Manga.


Comunicando

Jornalista do batente e responsável pela comunicação do governador Coutinho por anos seguidos, Nonato Bandeira não deve deixar muito à vontade o secretário de Comunicação do município.
Bandeira tem pretensões políticas e por isso mesmo não deve se desligar de um setor que coloca nomes na mídia.
Acredito que ele será a eminência parda da comunicação municipal nos bastidores.


SOS Seca
O presidente da AL, deputado Ricardo Marcelo, não queria só aparecer na mídia quando levou deputados para verem de perto a seca.
Neste dia 15 ele reúne seus colegas para lançar o SOS-Seca, com providências e sugestões efetivas para a luta contra a estiagem.
Desembarcando
As fontes palacianas dão como certa a fritura do Professor Lúcio Flávio amigo fraterno do atual governador e seu auxiliar mais íntimo durante muito tempo.
Por que fritam Lúcia, é uma pergunta que não me cabe responder.

Realidade
Justamente quando o governo divulgou na imprensa a queda nos assaltos a bancos, duas agências no interior e uma na capital foram visitadas pelos bandidos.
Até parece que esse povo não lê jornais!

Sede
A sede de cargos do PT é implacável. Apesar de ter abiscoitado quase todos os postos na administração de Cartaxo, existe na rede uma lista de descontentes chorando seu esquecimento.
Era para empregar o partido todo?!

Vivos
Aliás, muito vivos. O TCE da Paraíba detectou no cruzamento de folha com atestados de óbito, quarenta defuntos recebendo seus salários.
Mesmo em outro plano, continuavam a usufruir dos benefícios dados a um trabalhador.

Emprego
Prostitutas de Belo Horizonte começam curso de inglês com vistas à Copa do Mundo.
E ainda há quem diga que o Brasil não se prepara convenientemente para esse evento…


Frases…

De Morte – Os fantasmas só existem porque você acredita neles.
Carestia – O preço de um enterro está pela hora da morte.
Idade – A castidade é uma virtude típica da velhice.