Bafômetro do corrupto

Rubens Nóbrega

Vamos dar uma trégua no tiroteio. Desde que os bandidos colaborem, evidentemente. Para nos ocuparmos nesse intervalo, nada melhor que textos inteligentes, oportunos, atualíssimos, como esses que lhes ofereço a seguir.

É obra do gênio criativo do amigo que se apresenta como Ufanista Deslumbrado. A coluna hoje é quase toda dele, começando pelo título.

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Prezado colunista, cientistas paraibanos estão desenvolvendo um instrumento que promete ser uma arma no combate à corrupção, mal endêmico que assola nossa nação (desde que D. João VI desembarcou aqui, com o ventre infestado dos “vermes” que trouxe da Corte) e dizima nossos pobres. Trata-se do Improbômetro, também chamado de Bafômetro do Corrupto.

É um aparelho muito parecido com o nosso bafômetro (sendo 1.000 vezes mais sensível!). Detém sensibilidade tamanha que é capaz de detectar nano-partículas de: água-do-cuiá; contratos mix-ados; merendas-sp; farinha-láctea da marca Santana; bites de digitação pessoense; fragmentos de cruzes-vermelhas; lascas de carteira-da-desk; lingeries da grife Granja; gotículas de óleo-de-girassol; vestígios de envelopes amarelos; penas de asas de dinheiro voador; cifrões-de-cheques do tipo fac; octanagens de combustível de avião; cópias de contratos secretos; ecos de reuniões escusas; sombras de encontros fugazes.


O instrumento consegue analisar o material obtido, comparar com o padrão pré- estabelecido, a partir das amostras citadas, e delinear um perfil criminoso, incriminando o assoprador.

Uma vez aprovados (o projeto já está sendo analisado por cientistas da USP, da UFPB e da UFCG, e pelo CNJ, despertando grande entusiasmo do Joaquim), os aparelhos serão instalados em pontos estratégicos do país: saídas de marinas, boates, xópingues, clínicas de luxo. Saídas das assembleias, câmaras (alta e baixas), secretarias, ministérios, repartições diversas, salões azuis, verdes e de todas as cores, além de tribunais e (quem diria?) ministérios públicos.

A expectativa é de que será uma revolução no tratar da coisa pública. Como está em curso um golpe na Lei da Ficha Limpa, o Improbômetro passará a ser a última (e única) esperança para um Brasil futuro. Pois nem o recurso de se queixar ao bispo teremos mais…

Por que me ufano

Puxa, Rubens, estou tão feliz! Tão feliz! Pois, não é que a Paraíba entrou definitivamente para o circuito nacional?! Pro jet set!! Tão chic! Agora, faz parte da programação nacional de operações da PF. De-fi-ni-ti-va-men-te.
Eu vivia com complexo de inferioridade, em relação aos sulistas. Todos aqueles escândalos, e a gente, ó: nada…
Não que nos faltassem escândalos, tantas coisas que correm à boca miúda. Aqueles golpes no erário, como o terreno da rodoviária; carteiras bichadas; tanta prótese vendida; acordos para acesso a cortes; água do Cuiá que não para de correr embaixo da ponte…
Estamos cada vez mais frequentando o Jornal Nacional. É cada operação de dar água na boca… É Jampa pra cá, é Procon pra lá. Temos voos de jatinhos oficiais. É escândalo de precatórios no Tribunal. É tribunal mais caro e mais inchado (palavras do homem!) do país. É juiz vendendo as coisas…
E eis que surge, qual apoteose, o tiroteio de Princesa…! Ai, meus sais! É demais pra mim!


Meu primeiro eleitor

Lancei esta semana plataforma de governo com prioridade absoluta na Educação. A proposta já me rendeu pelo menos dois eleitores e uma vitória: uma crônica de ninguém menos que o Mestre Gonzaga Rodrigues, ontem, neste Jornal.
Quanto aos eleitores… Um deles é o estimado Professor Menezes, que me estimula ir além. Sugere-me a Presidência da República. Vejam só como, adiante.
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Caro amigo, acabo de ler sua plataforma de governo (espero que por campanha à Presidência da República) e desde já me considero seu eleitor e cabo eleitoral. Infelizmente, o trabalho é muito grande e as resistências a superar, muitas.
Todavia, parece-me que se procurarmos com dedicação vamos encontrar alguns prováveis colaboradores, muitos dos quais já em ação, como a atual secretária de Educação do município do Rio de Janeiro, Cláudia Costin.
Segundo li recentemente em artigo publicado em O Globo do sábado anterior, ela está iniciando uma pequena revolução nas escolas municipais, com implantação de sistemas de mérito para os professores, estímulo à frequência e rendimento escolar e outros procedimentos que têm melhorado os índices escolares por lá.
Não tive oportunidade de recortar esse artigo, pois o jornal que o publicava estava no lobby de um hotel em S. Paulo, onde estive com minha filha e genro, e eu tive escrúpulos de rasgá-lo, pensando que outros hóspedes também desejariam lê-lo. Falhei… Talvez você consiga resgatar esse escrito que, no meu entender, nos dá uma lição próxima daquela estória do colibri ajudando a apagar um incêndio na floresta.