Assédio sexual na Justiça

Rubens Nóbrega

Vez por outra a pudicícia tabajarina é abalada com notícias acerca de ativismo sexual, digamos assim, no Judiciário paraibano.

Os mais velhos devem lembrar, por exemplo, o caso daquele juiz assistido em pleno ato com uma secretária ao final do expediente no seu envidraçado gabinete, instalado em concorrido prédio da Justiça na Capital.

O magistrado garanhão mandou ver em pleno birô. De tão empolgado, deve ter esquecido que pelo menos do ponto de vista físico o lugar onde trabalhava e eventualmente fornicava era dotado de total transparência.

Entre perplexos e divertidos, motoristas e outros servidores que se encontravam no pátio do fórum onde foi encenada a peça puderam acompanhar ao vivo o desempenho do meritíssimo e sua parceira.

De imediato, a galera botou em Sua Excelência o apelido de Paiakan, alcunha adotada e mui propagada por outros togados, em especial aqueles que não gostavam do colega que teria cometido “atentado violento ao pudor”, segundo consta dos autos informais do caso.

Estimo que o fato aconteceu no segundo semestre de 1992, porque em junho daquele ano o cacique Paulinho Paiakan foi acusado de estuprar uma adolescente e virou manchete mundial, já que lá fora e aqui dentro ele aparecia como uma das nossas melhores referências de “pureza ecológica”.

Já este ano, a edição do dia 16 de fevereiro do Diário da Justiça do Trabalho na Paraíba publicou – suspeita-se que por engano – uma carta na qual funcionária do TRT de João Pessoa encerrava promissor relacionamento por se descobrir parte involuntária de um triângulo amoroso.

Os outros dois vértices seriam uma colega de trabalho, superiora da missivista, e um fisiculturista que cuidaria da forma de ambas.

Quer dizer… Pelo visto, cuidava de algo mais além dos bíceps, tríceps, glúteos, cintura e abdômen das duas mulheres.
Relembro esses dois casos, mais emblemáticos e impactantes entre outros que jamais vieram à tona, para registrar que o problema parece ser bem mais sério e abrangente do que sonha a vã curiosidade dos mortais jurisdicionados.

Digo isso porque pelo menos no que tange ao assédio sexual o assunto já não está mais restrito aos cochichos e fofocas dos corredores das repartições judiciárias.

O combate ao assédio sexual virou pauta da greve dos servidores da Justiça Federal em nosso Estado, segundo edital publicado sábado último na imprensa local pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal na Paraíba (Sindjuf/PB).

O edital comunica a deflagração de greve por tempo indeterminado a partir de ontem. O movimento tem como objetivo maior a reposição das perdas salariais dos servidores, lógico.

Mas, no mesmo comunicado, o Sindjuf lembra que além do Plano de Cargos e Salários (PCS) os grevistas lutam também, entre outros pontos, contra “todas as formas de assédio moral e sexual no âmbito do Poder Judiciário Federal”.

Na terceira idade, não

Não, não é o que parece. Trato agora do seguinte: os estatutos dos chamados clubes da terceira idade proíbem terminantemente o envolvimento de tais entidades em campanhas eleitorais, assuntos políticos ou religiosos. Mas…

A regra foi quebrada ontem à tarde em João Pessoa. Mais precisamente em um clube sediado no bairro de Miramar, que recebeu a ‘visita’ do senador Cícero Lucena, candidato a prefeito da Capital pelo PSDB.

Houve protesto. Não por ser o tucano o visitante, mas por uma questão de princípios que obrigam o cumprimento das normas disciplinadoras das atividades do clube. Normas que devem ser respeitadas por todos e todas, começando pela diretoria.

Sufoco para chegar no CC

Deixemos de lado, por enquanto, o fato de que a inauguração domingo último do galpão de exposições de um centro de convenções ainda em construção foi um mal disfarçado ato de campanha eleitoral.

O que houve ali foi um showmício sem discursos entremeando canções de Zé Ramalho, mas até o asfalto da PB-008 sabe que o evento destinou-se claramente a melhorar a imagem do patrono da candidata do PSB à Prefeitura da Capital.

Mas, como disse, deixemos de lado. O propósito central do colunista, hoje, é externar preocupações quanto à falta de complementos e suplementos infraestruturais e logísticos da obra de Jacarapé.

Refiro-me, primeiramente, à insuficiente rede hoteleira da Capital com seus estimados 9.500 leitos. É preciso atrair e incentivar a implantação de novos hotéis, pra ontem, em João Pessoa.

Com o que se tem hoje, qualquer evento com mais de cinco mil participantes diretos dá pane em nosso sofrível e acanhado sistema de hospedagem turística.

Outra coisa igualmente preocupante é que não vejo nem leio qualquer autoridade, do Estado ou da Prefeitura da Capital, falando que investirá na duplicação das vias de acesso ao Centro de Convenções.

Se depender da pistinha apertada do Cabo Branco-Altiplano-Estação Ciência ou daquelas que desembocam no girador de entrada de Mangabeira, estamos pebados. Com o novo shopping, então, vai ser o ó.