Paulo Santos
“Não vamos nos dispersar”. Quem não lembra essa insinuante e desafiadora frase de Tancredo Neves quando o Brasil caminhava para a reconquista do Estado de Direito, para o sepultamento definitivo dos anos de chumbo? Foi um chamamento á união, ao sentimento coletivo dos brasileiros. E o povo não se dispersou.
Dispersão e deserção, em política, são dois caminhos que conduzem ao fracasso de qualquer projeto. A dispersão é, às vezes, inconsciente e acontece por vários fatores, mas os principais são a inexperiência e a inabilidade no trato dos comandantes com os comandados. A deserção ataca principalmente os covardes e os oportunistas.
O fenômeno da deserção parece estar começando a atingir o exército do senador e – até onde se pode supor – pré-candidato a governador Cássio Cunha Lima no momento em que ele prepara a plataforma de lançamento de mais uma tentativa de reconquista do território do Palácio da Redenção.
Algumas baixas sofridas por Cássio, nesse primeiro momento, são fortes e devem repercutir psicologicamente em áreas políticas, como é o caso do vice-governador Rômulo Gouveia e o doublé de deputado e secretário Manuel Ludgério, que sempre formaram fileiras ao lado do clã Cunha Lima e agora deixam o esquema de Ricardo Coutinho mais redondo. Há adesões, entretanto, que não altera o quadro por falta de votos.
O problema de Cássio ainda não é o de avaliar as perdas pelo contingente eleitoral, mas sim pelo grau de afinidade que vários desses possíveis ex-aliados pareciam ter com o esquema do poderoso grupo campinense. A moeda governista árece ter tilintado e vibrado mais a esses ex-cassistas.
Há outros ex-aliados de Cássio – como é o caso do ex-senador Efraim Morais e do deputado Efraim Filho – que não podem nem devem ser incluídos no grau de desertores pelo simples fato de que estão aguardando o desenrolar dos entendimentos para avaliar a direção que tomará o DEM, partido que comandam na Paraíba.
É possível avaliar que a potencialidade da possível candidatura de Cássio em nada foi afetada com as juras de amor feitas por Rômulo, Manuel Ludgério e outros menos votados ao belos olhos governistas porque a maioria esmagadora dos que reivindicavam a entrada do líder dos Cunha Lima na disputa continua nas suas fileiras.
Ainda não é possível tomar o pulso do eleitorado após as primeiras mexidas no tabuleiro do xadrez políticos antes do carnaval. Não se sabe, com clareza, o que pensam eleitores de João Pessoa e Campina Grande que, juntos, formam os dois maiores colégios eleitorais do Estado.