As boas intenções

Marcos Tavares

Já diz o adágio popular que de boas intenções o inferno anda cheio. E não é errado. Na administração municipal anterior, os bares da orla foram súbita e inexplicavelmente proibidos de colocar cadeiras na praia, um costume nacional em quase todos os recantos. De repente, nossos ecologistas de plantão descobriram que as cadeiras enfeiavam o litoral e prejudicavam o tráfego dos banhistas, e elas desapareceram. Desapareceram, vírgula. O que era dos bares – e dado gratuitamente – agora virou um serviço alternativo, e dezenas de pessoas alugam cadeiras e sombrinhas na orla por preços que variam de R$ 10 a R$ 20 dependendo da cara e do carro do freguês.

Junto com a proibição de cadeiras veio igualmente o interdito que proibia servir pratos e bebidas na praia. Nada de caranguejo no sol nem cerveja gelada com as ondas do mar roçando os pés. Isso teve o mesmo condão, gerou uma nova ocupação e hoje ambulantes vendem cerveja, refrigerantes, espetinhos e ostras na beira-mar tirando um comércio que antes era explorado pelos bares que pagam impostos e geram empregos. Como se vê, se a intenção era despoluir a praia, ela fracassou redondamente e apenas criou mais uma série de subempregos.

Coisas assim são comuns no serviço público, feitas no açodamento de uma ideia, como a que arrancou a pista do aeroclube, sem que ninguém pare para refletir sobre sua validade, suas implicações e, sobretudo, sobre sua aplicação. Turista quer sombrinhas e cadeiras. Se o bar não fornecer, alguém fornece, pois ninguém encara a o sol desses trópicos. Mas como tudo é feito a toque de caixa, as boas intenções normalmente se transformam em más ações, provocando o desemprego, diminuindo os tributos unicamente para inflar o ego de uma dezena de ecologistas que preferem ver o trem descarrilar a atropelar uma formiga.
Parados
Cartaxo, o novo prefeito, já entra com a velha linguagem. Ele afirma que se demitir os prestadores de serviço, conforme quer o MP, a prefeitura para. E para mesmo, porque, por incrível que pareça, o número de contratados é maior que o quadro efetivo, uma excrescência que vem se perpetuando ao longo de várias administrações. Como e quando Cartaxo vai absorver, com concursos, essa massa de mais de onze mil servidores? Alguém acredita nisso?
Eu não.

Paternal
A política tem suas satisfações, mas tem seu lado negro. Como o senador Cássio Cunha Lima já enfrentou os dois com uma injusta cassação, ele explicou por que quer ver os filhos longe dessa atividade.
Tanto no caso de Diogo como de Pedro, ele explicou em entrevista que ambos possuem outros projetos pessoais e que ele desencoraja qualquer tentativa de entrada nesse tumultuado mundo político.


Mínima

Num presídio de segurança máxima supõe-se e imagina-se que os presos sejam monitorados 24 horas.
Ledo engano. Aqui no PB-1 enforcaram um preso nas barbas da vigilância.

Rememorando
Para justificar a paralisia da Comunicação na sua gestão, Tatiana Domiciano teve de recorrer a Nonato Bandeira, a quem acusou de ter feito uma ação exclusivamente pessoal.
E não havia ninguém no governo que observasse isso?

Calados
Virou rotina as panes da operadora Oi que deixam seus assinantes mudos e surdos.
Parece que usam cabos de fibra ótica míopes ou cegos.

Mau Gosto
Em entrevista televisiva, Odon Bezerra, reconduzido à presidência da OAB, disse que a festa de comemoração terá o Forró da Xeta.
Juro que pensava que tantos doutores juntos teriam um gosto musical mais apurado.

Crise
São Paulo, Rio, Vitória e até nossa pacata capital, dominados pelo crime organizado.
A crise na segurança deixa de ser um problema local e passa a ser um drama nacional.

Tempo
Como tudo é difícil no Nordeste! As águas do São Francisco previstas para este ano estão com as obras paralisadas. A duplicação da BR-101 fez 5 anos caminha a passos de cágado.
Frases…

Tessitura – É com a linha da pobreza que se tece o manto dos poderosos.
Anteriores – Até delinquir todo mundo tinha bons antecedentes.
Custoso – Caro amigo é aquele que nunca paga uma conta. Deixa tudo pra você.