Artista enganador

Rubens Nóbrega

Adorava as músicas de Jorge de Altinho e gostava de assistir aos seus shows até saber que ele tentou enganar o público que foi a Bananeiras semana passada ver e participar do melhor São João do mundo.

O artista pernambucano, contaram-me fontes indesmentíveis, fugiu do palco e da cidade após ‘cantar’ apenas 45 minutos em uma apresentação que deveria durar hora e meia, no mínimo, segundo contrato firmado com os promotores do evento.
O prejuízo só não foi nem será maior porque o diligente prefeito Douglas Lucena resolveu, no ato, tomar e anunciar providências extremamente oportunas e necessárias.
Primeiro, chamou a Guarda Municipal e garantiu a integridade física dos membros da banda de Jorge de Altinho. O chefe escapuliu, mas seus músicos, que dependiam do ônibus da banda para viajar, viram-se cercados por um pelotão que não deixou ninguém encostar.

Da mesma forma, a tropa arregimentada por Douglas não deixou ninguém sair do ônibus nem o ônibus da banda sair da cidade até que se esgotasse o tempo contratado para o show.

O prefeito só não conseguiu reter nem proteger o cantor porque o cabra foi mais ligeiro, pegou um carro que já o aguardava – adredemente articulado, imagino – nas cercanias do pavilhão bananeirense.
Quem presenciou a fuga garante que o homem entrou feito um raio dentro do carro e como se fosse um foguete subiu a serra que leva a Solânea. De lá, danou-se pras bandas de Campina.

Em Campina não deu pra fugir

No Parque do Povo, soube depois, Jorge de Altinho tentou passar um show com uma banda emprestada. Não deu certo. Os músicos da banda estepe só conseguiram acompanhar mais ou menos o ‘Juazeiro-Petrolina’.
Pelo que me disseram, ele foi obrigado a voltar no dia seguinte para cumprir o acertado. Caso não o fizesse, queimaria irremediavelmente seu filme no Maior São João do Mundo, algo que pode matar a carreira de qualquer artista de fama regional ou nacional.
Suponho que por conta disso Jorge deve ter dado o bolo em outra festa, porque durante a maratona junina atrações como ele, se brincar, fazem até três shows por dia. Shows meia boca, é verdade, mas fazem.
Registro ainda que relato esse episódio aqui, deste modo, não apenas para ‘vingar’ Bananeiras. É meio de alertar patrocinadores, organizadores e promotores de shows assemelhados, principalmente nas festas juninas, para que tenham cuidado na hora de contratar certos artistas.
Verifiquem direitinho se o cara ou a cara é responsável, pontual, bom caráter e, sobretudo, profissional.
O caso pode parar na Justiça
Quanto à segunda medida do meu alcaide… Essa pode ser adotada posteriormente, caso Jorge ou seu empresário não cuidem de antecipar ressarcimento.
Douglas estuda se deve acionar ou não a Justiça para fazer com que o artista enganador indenize a cidade por danos materiais e morais.
Sugiro, contudo, em homenagem ao conjunto da obra do artista, que ele converse com o prefeito e peça para voltar a Bananeiras, propondo fazer um show de verdade em praça pública, de graça, e no final peça sinceramente o perdão dos bananeirenses e visitantes.
Sem prejuízo de reconhecer, publicamente, que agiu mal com os meus conterrâneos adotivos, que não merecem tamanha desconsideração de artista algum. Se fizer isso, do jeitinho que deve ser, garanto que vou lá “pra ver se o pagode vai ser bom”.


A generosidade do vereador

Presidente da Câmara Municipal de Bananeiras, Ramon Moreira apresentou e o legislativo local aprovou moção de aplauso a este colunista pelo lançamento do livro ‘Histórias da Gente’ no dia 3 deste mês, na OAB, em João Pessoa.
Ramon é um dos mais promissores agentes políticos do Brejo Paraibano. Não estou trocando confete, não. Quem duvida da despretensão do elogio é só ir lá e perguntar a quem conhece o trabalho e a trajetória do rapaz. Podem perguntar. Duvido que aliado ou adversário do vereador (se houver) me desminta.
Em agradecimento, adiantando que ele acertou na mosca, no ego e na paixão do autor por Bananeiras, reproduzo agora a justificativa da propositura de Ramon aos seus pares:
– O jornalista Rubens Nóbrega, no exercício de sua profissão, sempre destaca nossa cidade de forma honrosa, relatando nossas histórias, estórias e propagando nossas belezas arquitetônicas e naturais. Agora lança o livro intitulado “Histórias da gente”, tendo escolhido o município de Bananeiras para ser o cenário principal de sua primeira obra literária.