Árido Conselho... POR LÚCIO VILLAR

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Instituído em um governo reconhecidamente progressista, o de Pedro Moreno Gondim (1961-1966), o Conselho Estadual de Cultura promoveu em sua fase inaugural “uma verdadeira festa de Cultura na Paraíba” como sentenciou com ênfase e eloquência habituais, o jornalista e escritor Gonzaga Rodrigues em recente documentário de nossa lavra.

Acolhido por intelectuais, o ex-governador tinha a virtude de ouvir e abraçar causas nobres de seus interlocutores. Virg​nius da Gama e Melo era um destes. Credita-se a ele a ideia de apoiar a realização do filme “Menino de Engenho” (1965), além do primeiro Plano de Extensão Cultural, entre outras ações pioneiras de Gondim.

O tempo encarregou-se de diluir o órgão em meio a concepções burocráticas, ora reavivando sua chama original, ora padecendo de um problema de identidade. Pior: sujeito às oscilações de humores de quem ocupava o Palácio da Redenção. Com isso, uma pergunta se impôs: para que serve o Conselho?…

Essa semana tem se festejado a eleição de novos conselheiros, do interior, um fato positivo, em si. Entretanto, a incômoda pergunta voltou com força. Ora, em três anos de gestão da Secult, que preside o Conselho, diga-se, nada há a comemorar: Fenart cancelado três vezes, destinação pífia em editais, comparando-se com PE ou CE (atente-se ao já anedótico valor do Prêmio Linduarte Noronha de Curtas), e ausência de projetos minimamente inovadores de política pública.

Assim, celebrar a eleição de novos conselheir​os ​em tão árido terreno beira o surrealismo. Eclipsada, a Secult – desubstancializada monetariamente falando – patina em imobilismo atroz. Quase um simulacro de uma Convenção de Genebra, reúne pompa, publicidade, perfumaria e um faz de contas de palavras soltas ao vento na Praça do Bispo…