A câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (13) uma medida provisória editada pelo governo do presidente Michel Temer que põe fim ao mandato de diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) (entenda a polêmica envolvendo a empresa mais abaixo).
O órgão é vinculado à Secretaria de Comunicação Social da Presidência e é responsável pelos veículos de comunicação oficiais do governo, entre os quais a “Agência Brasil”, a TV NBR e a TV Brasil.
A proposta aprovada na Câmara, na prática, faz com que a direção da empesa possa ser trocada a qualquer momento pelo presidente da República. O texto segue agora para análise do Senado.
Quando uma MP é publicada no “Diário Oficial”, passa a ter força de lei. Pelas regras anteriores à edição da medida provisória, o presidente da EBC tinha mandato de quatro anos, que não coincidiam com o mandato do presidente da República.
A medida provisória
Outro ponto aprovado nesta quarta extingue o Conselho Curador da EBC, órgão de natureza consultiva e deliberativa que era composto por representes do governo e da sociedade civil. Entre as competências, estava a de decidir sobre as “diretrizes educativas, artísticas e culturais” propostas pela Diretoria-Executiva da empresa.
Esse conselho também tinha o poder de dar voto de desconfiança ao diretor-presidente, caso fossem despeitados os princípios editorais, como pluralidade de opiniões, diversidade cultural e representatividade de diferentes segmentos.
No lugar do conselho, o governo criou, por meio da MP, o Comitê Editorial, que, pelo texto aprovado, poderá deliberar “sobre os planos editoriais propostos pela Diretoria-Executiva”.
O que dizem os deputados
Deputados críticos à medida provisória do presidente Michel Temer, incluindo de PT, PSOL e PDT, alegaram durante a sessão que a MP mudará o perfil da empresa, tornando-a, na avaliação deles, um veículo estatal, e não mais uma emissora de caráter público.
Na avaliação desses parlamentares, o novo comitê instituído pela MP terá atuação mais “restrita” e terá peso menor na definição das diretrizes da EBC. “O que o governo quer é calar a voz da sociedade civil”, disse a deputada Érika Kokay (PT-DF) no plenário.
Aliado do governo, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), defendeu a medida provisória, alegando que o Conselho Curador representava o “aparelhamento” da EBC.
A polêmica envolvendo a EBC
A MP foi editada em setembro pelo governo em meio a uma polêmica envolvendo a direção da empresa.
Em maio, ao assumir o Palácio do Planalto como presidente em exercício, Temer destituiu o jornalista Ricardo Melo do comando da EBC. Melo havia sido nomeado dias antes pela então presidente Dilma Rousseff.
Melo, então, recorreu da decisão e retornou ao cargo após obter uma decisão liminar (provisória) do Supremo Tribunal Federal (STF) com base na legislação então em vigor, que previa o mandato de quatro anos para presidente da EBC.
Após a decisão do Supremo, o governo editou a medida provisória, derrubando a liminar, uma vez que a MP passou a ter força de lei.
Embora tenha validade imediata, assim que é publicada no “Diário Oficial”, uma medida provisória precisa ser aprovada em até 120 dias pelo Congresso Nacional para não perder efeito.
Atualmente, o jornalista Laerte Rímoli, que chefiou a comunicação da Câmara dos Deputados durante parte da gestão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é o presidente da EBC. Rímoli também integrou a campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) a presidente em 2014, quando o tucano foi derrotado por Dilma.
Créditos: G1