Apostando em Ricardo - Rubens Nóbrega

Serjão, campinense de primeira, cassista da melhor qualidade, neo-ricardista convicto, comparece à coluna para defender o governador Ricardo Coutinho e dizer também que ainda é muito cedo para se fazer uma avaliação do governo.

Serjão está firmemente convencido de que Ricardo vai acertar mais adiante, dar a volta por cima e queimar a língua de muita gente, colunista incluído, que anda ‘falando mal’ do governador e do governo, atualmente.

Para entender melhor o raciocínio ou a tese do colaborador, vamos ao que ele mandou dizer através de i-meio enviado ontem ao colunista. Logo após os asteriscos vem o texto de Serjão, do qual procurei preservar ao máximo o formato original.

Depois eu volto.

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Caro Rubens, fiquei feliz por você estar de volta… Com relação a suas críticas ácidas ao novo governo, penso que está equivocado, pois ainda é cedo para se fazer uma avaliação. Mas como seu eleitor que fui e ainda o sou acho que o Ricardo Coutinho está no caminho certo. Se ele não mudar os costumes políticos da terrinha, ninguém mais o fará.

Ricardo tem uma vantagem em relação aos outros: não tem rabo preso com ninguém e por isso tem todas as condições de mudar este estado de coisas que se via na Paraíba. Ricardo sabe o que quer e aonde quer chegar. Tem firmeza e, apesar de ter tido o apoio de Cássio, quem manda é Ricardo. Não se tem notícia de algum escândalo que o mesmo possa ter cometido. Dê-lhe uma chance, pois o mesmo foi e será o seu companheiro de UFPB. Ele merece. Se possível, pode publicar isso aqui em sua coluna diária.

Um abraço do Serjão.

PS: Rubens, cuidado com os exageros cometidos nas críticas ao novo governo. Certamente as coisas vão entrar no eixo e pessoas vão ter que colocar novamente a viola no saco.

Um outro abraço.

Agora digo eu

Caríssimo Serjão, discordo quanto à suposta prematuridade das avaliações do governo. A avaliação tem que ser feita em cima de fatos objetivos, notórios, atuais, em curso. E o que se vê é muito ruim, amigo. Aliás, não lembro de começo tão ruim de governo como esse.

E o pior, Serjão, é que desconfio que tudo isso foi previsto e calculado, dentro da velha e maquiavélica estratégia de fazer o mal todo de uma vez, à vista, e distribuir o bem à prestação, se possível homeopaticamente, segundo a conveniência, oportunidade ou interesse político do governante.

Mas, por outro lado, e por incrível que lhe pareça, concordo com você quanto ao futuro. Acho que Ricardo vai mesmo dar a volta por cima. Afinal, está visivelmente se estocando, fazendo caixa, poupança, o que for, para se capitalizar e financiar com folga, engenho e arte (que ele tem muita) a execução do seu plano.

E quando digo plano, Serjão, não quero significar projeto de governo. Refiro-me ao projeto de poder já deflagrado e que faz do governo um fim em si mesmo, ainda que no discurso do ‘novo’, do ‘diferente’, um dos bordões preferidos do governante seja justamente o ‘empoderamento do povo’.

‘Fórmula de sucesso’

Até que me convençam do contrário, Serjão, Ricardo chegou ao poder para construir a ‘Nova Hegemonia’, como ele mesmo disse em fala pública, talvez num ato falho que traiu suas reais intenções.

Assim, comparando aquilo no qual acreditava até três anos atrás com o que passei a perceber desde então, e venho observando até hoje, sinto que o plano é usar o poder para criar as condições objetivas do melhor e mais longevo usufruto possível das benesses disponíveis.

Para tanto, amigão, a esse pessoal bastam algumas ações pontuais e arremedos de políticas públicas associados a investimentos pesados em publicidade e propaganda, com o auxílio luxuoso de boa parte da imprensa paraibana cooptada ou rendida.

Se deu certo com os antecessores, por que não daria com Ricardo Coutinho, que além de tudo, como você diz, (ainda) tem a enorme vantagem de fazer com sucesso o marketing do cara sério, que não faz graça com seu ninguém e veio para mudar costumes e práticas da política paraibana?

Caso para o CNJ

Um cidadão amigo meu, primeira de luxo, está procurando um advogado disposto a entrar com denúncia contra o desembargador Joás Filho no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Ele ficou horrorizado quando leu aqui a história do pedido de melhoria salarial ou de gratificação para a mulher do Doutor Joás, e de possível emprego para o cunhado dele, conforme i-meio enviado pelo próprio desembargador ao Doutor Ricardo.

O meu amigo entende ainda que o caso deveria ser apurado também pelo Conselho da Magistratura ou Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado, no mesmo TJ onde volta e meia o Doutor Joás pode estar julgando ações contra atos do governador junto a quem teria feito condenáveis gestões.

Enquanto isso, a coluna aguarda que as partes denunciadas – o desembargador, o governador e, ainda, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – venham a público pelo menos para o clássico desmentido do que foi publicado.

O silêncio dos três assemelha-se a uma preocupante confissão de culpa, admissão tácita de que o sumo da elite dirigente do nosso Estado não tem pejo algum de se envolver em tão lamentável compadrio, em tão deplorável troca de favores, em tão execrável tráfico de influência.