risco de fuga

Após pedido de prisão, Joesley e Saud pedem para ser ouvidos e deixam passaportes à disposição

O risco de fuga é um dos motivos pelos quais pode ser determinada uma prisão temporária ou preventiva

Em petição enviada ao ministro Edson Fachin, que cuida da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), os advogados do empresário Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud, do grupo J&F, pedem a confirmação do pedido de prisão preventiva feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e para terem o direito de defesa antes da decisão do ministro.

Os advogados de Joesley e Saud também deixaram à disposição os passaportes dos dois.  O risco de fuga é um dos motivos pelos quais pode ser determinada uma prisão temporária ou preventiva.

O pedido de prisão preventiva foi divulgado na noite de sexta-feira (8) pelo jornal “O Estado de São Paulo”, mas ainda não foi confirmado pela PGR (Procuradoria Geral da República). O processo, segundo o STF, está em sigilo.

O advogado Pierpaolo Cruz Bottini pede que, já que não há mais segredo, ao menos seja dada à defesa a chance de conhecer os fundamentos do pedido e contra-argumentar. “Em prol do contraditório e da ampla defesa, requer-se a intimação dos peticionários, bem como a cópia do requerimento e das peças necessárias, para manifestação”.

Para justificar o pedido de ser ouvida previamente a uma decisão, a defesa cita um artigo do Código de Processo Penal que diz que, se o caso não for de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz deve intimar o alvo de uma medida cautelar (como pedido de prisão), acompanhada de uma cópia do requerimento e das peças necessárias.

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Os defensores dizem ainda que a prisão de Joesley e Saud não é necessária pois eles estariam dispostos a ficar no país e prestar qualquer esclarecimento.

“Caso haja qualquer dúvida sobre a intenção dos peticionários em submeterem-se à lei penal, ambos, desde já, deixam à disposição seus passaportes, aproveitando para informar que se colocam à disposição para comparecerem a todos os atos processuais para prestar esclarecimentos, da mesma forma com que têm colaborado com a Justiça até o presente momento”, argumenta a defesa no ofício entregue na sexta (8).

A assessoria do ministro Fachin disse que ele “não tem previsão de receber ninguém” neste sábado (9).

Conversa gravada

Nesta semana, os defensores entregaram um áudio em que Joesley e Saud sobre uma ajuda do ex-procurador Marcello Miller, que foi um dos principais auxiliares de Janot, para ajudar nos acordos de colaboração premiada. Quando começou a conversar com os executivos, em fevereiro, Miller ainda atuava no Ministério Público. De acordo com o “Estadão”, Janot também pediu a prisão do ex-procurador.

Após o conhecimento do áudio, o procurador-geral pretende rever o acordo de entre a PGR e os executivos. Janot também deve pedir a revogação do benefício de imunidade penal concedido a eles.

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, a prisão preventiva de Saud e Joesley já vinha sendo analisada por Janot nos últimos dias. Na quinta-feira (7), os executivos prestaram esclarecimentos à PGR. A avaliação na instituição é de que o discurso deles era somente para manter a validade do acordo, mas os fatos narrados foram graves.

Fonte: UOL