Após morte de Campos, pessebistas vão para campanha adversária em PE

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Duas semanas após o enterro do ex-governador Eduardo Campos, políticos que apoiavam Paulo Câmara (PSB) para o governo de Pernambuco mudaram de lado e integraram o time de Armando Monteiro (PTB).

O petebista contabiliza migração de apoio em sete municípios do interior. São prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e líderes políticos locais. Campos era o principal fiador político de Paulo Câmara, desconhecido do eleitorado até pouco tempo atrás.

Em Jucati, até o presidente municipal do PSB, Moisés Cordeiro, mudou de lado. Disse ter se dado conta, depois da morte de Campos, que Câmara era um “cabra novo”, e que seu novo aliado tem “muita experiência”.

Na decisão dos políticos locais também pesam os padrinhos de Monteiro: a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, ambos de popularidade alta no Nordeste, puxada por programas sociais como o Bolsa Família.

“No interior ninguém quer votar contra Dilma. É aquele negócio medonho por causa do cartão [do Bolsa Família]. A gente seguiu o que o povo pedia”, afirmou Cordeiro. Ao mudar de lado, o pessebista diz ter levado com ele três vereadores, dois ex-vice-prefeitos e quatro suplentes.

ÓRFÃOS

Pessebista dos tempos de Miguel Arraes (1916-2005), avô de Campos, o ex-prefeito de Vitória de Santo Antão José Aglailson (PSB) foi outra baixa no time de Câmara. “Fiquei órfão. Não conhecia esse Paulo”, disse Aglailson, que pretende deixar o partido.

Segundo o ex-prefeito, fazia 20 anos que ele estava com Campos e 30 com o avô [Arraes]. “Achei por bem sair. Como é que eu ia ficar agora com outras pessoas completamente diferentes?”, questionou o ex-prefeito. José Aglailson é pai de Algailson Júnior (PSB), vice-líder do governo na Assembleia Legislativa.

Segundo a campanha do PTB, os prefeitos de Lagoa do Ouro, do PSB, e de Calçado, do PP, também são novos aliados. A reportagem não conseguiu contatá-los.

O PSB e a campanha de Câmara não comentaram a migração de apoios. A expectativa do partido é estancar e reverter o êxodo de apoiadores diante de pesquisas que mostrem aumento na intenção de votos do candidato.

Em levantamento do Ibope divulgado na terça (26), por exemplo, o pessebista subiu 18 pontos e chegou a 29% das intenções de voto. Monteiro caiu cinco pontos e ficou com 38%.

Folha de S. Paulo