Anísio põe o PT na briga

Paulo Santos

O deputado estadual Anísio Maia (PT) anunciou em alto e bom som, nesta quinta-feira (17), a intenção de estimular o seu partido a disputar as eleições de 2014, para o Governo do Estado. Foi quase um grito de “vamos deixar de ser coadjuvantes do PMDB” tal a ênfase que deu para as derrotas peemedebistas em 2012 em João Pessoa e Campina Grande.

Não é de estranhar que o inquieto parlamentar lance sua tese num momento de intensas discussões sobre eventuais candidaturas para 2014; Ele veio na contramão de alguns políticos que estão invocando a proteção de Deus e do Diabo para tirar o tema de foco, mas com argumentos infrutíferos.

Política vive de calendário e este é como um rio: não para. Cazuza simplificou: “O tempo não para”. Anísio coloca as eleições de 2014 na pauta porque sabe que fingir indiferença é pura hipocrisia. O parlamentar tem razão em aproveitar a musculatura que seu partido obteve nas eleições do ano passado – sobretudo em João Pessoa – para cacifar prestígio.

Ele advoga a tese, também, de que a oposição ao governador Ricardo Coutinho tenha dois candidatos. Há controvérsias sobre a viabilidade dessa proposta, pelo menos na ótica de lideranças ouvidas nas últimas horas. Ela também foi ouvida da boca do ex-senador Wilson Santiago (PMDB) e igualmente foi vista com desconfiança.

O deputado Anísio Maia quer, na realidade, que o PT se inscreva como um grande partido na Paraíba. Pode ser uma pretensão pois o PT, apesar de ter o Governo Federal e abrigar algumas das lideranças políticas do Estado sempre se constituiu num coadjuvante de luxo até ganhar a Prefeitura da Capital pela primeira vez.

Essa vitória de Luciano Cartaxo em João Pessoa, entretanto, não transformará o PT num condomínio capaz de ser temido por outras lideranças estaduais da Paraíba, como Cássio Cunha Lima (PSDB) e José Maranhão (PMDB), além do próprio Ricardo Coutinho (PSB). Em política não há varinhas de condão nem milagres.

Qualquer vitória, na Capital, pressupõe imediatamente que vai contaminar todo o Estado. Se isso aconteceu com o PSB comandado por Ricardo Coutinho pode não acontecer tão cedo com outro partido, sob o domínio de outra liderança. Mas não custa tentar porque, afinal, quem decide é o eleitor.

Alguns dos maiores problemas do PT paraibano devem aflorar logo que as negociações para 2014 estiverem correndo de Cabedelo a Cajazeiras e o maior deles é a dissidência aberta, há muito, pelo deputado federal e padre Luiz Couto que, pelas regras do partido, não poderá concorrer a mais um mandato.

O que farão, ele e o PT? É provável que o deputado-sacerdote possa seguir os passos de Ricardo Coutinho, desfiliar-se do PT e seguir sua carreira política em outra agremiação. É cedo para dizer que seja o PSB por causa das desconfianças dos petistas em relação ao presidente nacional do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Essa pode ser uma questão menor diante do desafio proposto por Anísio Maia, mas será importante que tendências que dominam o PT atualmente saibam delinear esse caminho e, principalmente, manter relativa unidade. Cartaxo conseguiu isso para 2012, mas a regra pode não vingar para 2014.
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SENADORES
Ninguém duvida que, no íntimo, Cícero Lucena e José Maranhão desejam ser candidatos ao Senado em 2014, mas em ambientes onde só se respira política, em João Pessoa, os nomes que ganham destaque – especialmente no aspecto “renovação de quadros” – são os de Ricardo Marcelo (PEN) e Aguinaldo Ribeiro (PP).
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ESTOCADA
Na volta ao plenário da Câmara de João Pessoa, como vereador, Fuba não perdeu a oportunidade de dar uma alfinetada no pessoal do PSB e abriu sua fala dizendo “Agora, que sou petista…”. Não há só uma porta para passar o sol.
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SUSTO
Contada por um vereador governista, na Casa de Napoleão Laureano, na quarta-feira (16): um secretário do prefeito Luciano Cartaxo ainda está despachando fora de sua sala porque herdou um gabinete pintado na cor… lilás. Encabulado, o secretário pediu que o ambiente voltasse a ter suas paredes pintadas de branco.