Aníbal, insatisfeito, vai deixar o PEN

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Nonato Guedes

Durou pouco a lua de mel do deputado Aníbal Marcolino com o PEN, Partido Ecológico Nacional. O parlamentar apostou fichas no PEN como uma legenda independente e firme na oposição a atos do governo Ricardo Coutinho (PSB), tanto assim que chegou a afirmar, certa feita: “O Ricardo bom é o Marcelo. Nós estamos do lado dele”. Aníbal prepara-se para desembarcar do PEN dizendo-se desconfortável com o ambiente de indefinição reinante na legenda, onde muitos deputados já anunciam retorno à base governista e, em paralelo, o voto favorável em matérias de iniciativa do Poder Executivo.  “Não concordo com esse posicionamento, e não me resta outra alternativa senão migrar novamente”, confirmou, ontem, o deputado, depois de solicitar uma conversa com Ricardo Marcelo para inteirá-lo da sua decisão.

Mencionando o fato de que há deputados filiados à legenda que estão levando até prefeitos para audiências com o governador, acenando com a hipótese de alinhamento com o Palácio da Redenção, Aníbal Marcolino revelou acreditar que o próprio Ricardo Marcelo, que também preside a Assembléia Legislativa, esteja insatisfeito com essa revoada. Pessoalmente, Marcolino recebeu convites diversos para se filiar a outras siglas. Um deles partiu do deputado Caio Roberto, para seu ingresso no PR, outro da deputada Daniella Ribeiro para se filiar ao PP e, por fim, uma sondagem para se filiar ao PMDB, conduzida pelos deputados Tróccoli Júnior e Gervásio Filho. “São todos partidos de oposição e vou avaliar detalhadamente. Tenho até outubro para mudar de partido”, explicou o parlamentar.

Aníbal garante que a decisão de romper com o PEN não tem qualquer ligação com a perspectiva de diminuição do número de vagas na Assembléia Legislativa, de 36 para 30, conforme decisão recente do Tribunal Superior Eleitoral, o que dificultaria a reeleição de parlamentares do Partido Ecológico, que conta atualmente com nove integrantes filiados na ALPB. Além de ressaltar que possui serviços prestados e, por isso, não tem receio quanto à reeleição, porque há um reconhecimento de lideranças municipais e de eleitores à sua atuação, Aníbal Marcolino pondera que seria até melhor a decretação do fim das coligações. “A minha dificuldade diz respeito a inadaptação à filosofia que vem sendo seguida pelo PEN”, completou.

O deputado José Aldemir Meireles, outro integrante do PEN, sustentou que a agremiação mantém-se independente e que não cogita migrar para outro partido. “Pelo contrário, o meu propósito é no sentido de contribuir decisivamente para o seu fortalecimento, a não ser que surjam fatos novos que justifiquem um afastamento meu das fileiras da legenda. O PEN não é oposição e nem da base governista. Seu perfil é de absoluta independência, conforme a orientação que foi repassada à bancada”, justificou Aldemir, que tem sido alvo de especulações freqüentes em relação ao rumo partidário diferente que pode vir a tomar na conjuntura política estadual. A propósito de Aldemir: ele apresentou projeto de lei denominando de José Cavalcanti da Silva a rodovia PB-336, que liga São José de Piranhas a Carrapateira. “Trata-se de uma justa homenagem a um político sertanejo que deu uma grande parcela de contribuição ao desenvolvimento da região”, explicou. José Cavalcanti teve atuação política, também, na cidade de Patos, onde se elegeu prefeito nos anos 60, posteriormente elegendo-se deputado estadual pó quatro mandatos. Ele teve os direitos políticos cassados pelo regime militar e retornou à política em 1986 como candidato a deputado, sem lograr êxito. Fixou-se em João Pessoa, onde dedicou-se à literatura, escrevendo crônicas em jornais locais, depois transformadas em livros.