A partir de amanhã, a energia elétrica ficará 20,83% mais cara para os consumidores residenciais de 216 municípios da Paraíba. A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem o reajuste tarifário da Energisa Paraíba, que pediu aumento médio de 27,23%. A concessionária atende 1,3 milhão de unidades consumidoras no Estado. O aumento na conta de luz varia conforme a faixa de consumo, mas trará um custo não só na fatura, mas na compra de produtos e na prestação de serviços.
O consumo de baixa tensão inclui quatro classes e terá um impacto médio de 21,43%. As classes são: B 1 (residencial e subclasse residencial baixa renda); B 2 (rural, com subclasses como agropecuária, indústria rural, serviço público de irrigação rural e cooperativa de eletrificação rural); B 3 (industrial, comercial, serviços e outras atividades, poder público, serviço público e consumo próprio) e B 4 (iluminação pública). Já para os consumidores de alta tensão, que são as grandes indústrias, o reajuste foi de 22,75%. A média total é de 21,81%.
O reajuste concedido pela Aneel foi inferior aos 27,23% propostos pela Energisa. A justificativa do aumento foi atribuída aos custos que a empresa tem com a compra de energia, com acionamento das usinas térmicas, transmissão de energia e pagamento de encargos setoriais. Somente sete municípios paraibanos não deverão sofrer com o reajuste: Campina Grande, Boa Vista, Queimadas, Fagundes, Massaranduba, Lagoa Seca e Pedras de Fogo.
De acordo com a assessoria de imprensa da Energisa, os custos não-gerenciáveis pela empresa (Parcela A) foram os que mais impactaram o cálculo do reajuste, sendo responsáveis por 21,11% do índice. Dentre esses custos está a compra de energia elétrica. Já os custos da prestação do serviço de distribuição de energia elétrica (Parcela B), que são os custos gerenciáveis pela Energisa Paraíba, contribuíram com 0,70% do reajuste tarifário.
A Parcela A passa de R$ 34,79, antes do reajuste, para R$ 48,82, um acréscimo de R$ 14,03 ou 68,4% do valor total da conta. Já a Parcela B sobe R$ 0,19, que correspondem a 0,90% do valor total da conta.
IPC vai subir, diz Ideme
Conforme o economista Celso Mangueira, a alta da energia vai afetar os custos de qualquer empresa, podendo haver aumento do preço dos produtos e serviços, já que será mais caro ligar lâmpadas ou aparelhos de ar condicionado. Ele lembrou que a energia elétrica, ao lado dos combustíveis, são dois insumos importantes que afetam o custo final dos produtos. “A energia afeta o custo da produção e os preço dos produtos vão estar mais elevados para o mercado”.
O economista do Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme), Geraldo Lopes, ainda não arriscou um palpite sobre o impacto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), elaborado pelo órgão, mas considerou que o bolso do consumidor será afetado. “Ainda é cedo para se fazer uma análise de quanto será esse impacto, mas é lógico que todo aumento, seja na esfera privada ou de algum serviço público, afeta o custo de vida da população. No caso da energia elétrica, muitos acabam optando por fazer economias como trocar o uso do ar condicionado por ventiladores, tirar os aparelho da tomada, e outras ações simples. Tudo isso afeta o custo final da conta de energia”, avaliou.
Competitividade
O reajuste de energia na Paraíba será concedido a 216 municípios que são abastecidos pela Energisa Paraíba, enquanto sete cidades que são abastecidas pela Energisa Borborema só deverão pagar mais caro pelo consumo da energia elétrica a partir de fevereiro do próximo ano, quando ocorre o reajuste tarifário da concessionária. Dessa forma, para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), Magno Rossi, isso deve influenciar negativamente na competitividade industrial dentro do Estado.
“A competitividade deverá piorar internamente, pelo menos até o reajuste dos municípios abastecidos pela Energisa Borborema, que deve ser semelhante a esse sofrido pela Energisa Paraíba. Há uma tendência nacional de reajustes superiores a 20%”, afirmou.
Para o vice presidente da Fiep, o reajuste sofrido preocupa bastante e é difícil prever o impacto dele na indústria. “A energia elétrica é um insumo importante para a indústria, mas não só produtos industriais como serviços e residências sofrerão com isso. Temos de verificar como o próprio consumidor vai reagir às novas condições, já que esse aumento vai afetar o custo de vida e o mercado como um todo. O País vem operando com as termelétricas, que tem um custo maior para a geração de energia do que as hidrelétricas, e o custo está sendo repassado. Todas as indústrias estão no mesmo patamar, então, não tem um setor que será mais afetado pelo aumento. Agora, cada vez mais as empresas terão de ser eficientes em termos de energia, assim como a população em geral”, salientou.
Aumento em até 30 dias
As datas de leitura dos relógios são distribuídas ao longo do mês, por isso, o aumento do preço da energia elétrica só deve ser percebido- integralmente pelo consumidor após um ciclo completo de cobrança com as novas tarifas. Ou seja, no primeiro mês de vigência das novas tarifas, dependendo da data de vencimento da conta, parte do consumo utilizará a tarifa antiga e outra parte a nova tarifa, reduzida.
Como as novas tarifas valem a partir de 28 de agosto, um consumidor que tem sua leitura feita no dia 12 de setembro, teria, neste primeiro mês, metade de sua energia faturada pela tarifa antiga e a outra metade pela nova tarifa. A partir de 28 de setembro todas as contas já estarão completamente reajustadas.
No Nordeste
A diretoria da Aneel também definiu outros reajustes em estados do Nordeste, todos acima de 20%. Em Alagoas, a Ceal (Companhia Energética de Alagoas) foi autorizada a dar um reajuste médio de 29,75%. A distribuidora atende um milhão de unidades consumidoras, em 102 municípios do Estado.
A diretoria da agência aprovou um reajuste médio de 22,25% para os consumidores residenciais da Cemar (Companhia Energética do Maranhão), que atende 2,1 milhões de unidades consumidores, em 217 cidades do Estado.
No Piauí, o reajuste médio autorizado foi de 25,7%. A Cepisa (Companhia Energética do Piauí) atende 1,1 milhão de unidades consumidoras em 224 cidades.
Correio da Paraíba