Análise: Por que Romero Rodrigues se licenciou para Ronaldinho Cunha Lima assumir em CG?

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Josival Pereira

Por que o prefeito Romero Rodrigues se licenciou para Ronaldinho Cunha Lima assumir a Prefeitura de Campina Grande?

As especulações são de que o gesto serviria para aplacar insatisfações da família Cunha Lima, especialmente de dona Glória, em relação a atitudes desatenciosas do prefeito.

A justificativa pública, no entanto, é a de que se trata de uma homenagem ao poeta Ronaldo da Cunha Lima, através do filho, que tem o mesmo nome, por ocasião do primeiro aniversário de sua morte (7/7/2012).

Lógico que podem ser as duas coisas juntas, já que uma não exclui a outra e até se somariam num gesto mais transbordante de demonstração de reconhecimento e de fidelidade ao grupo por parte do prefeito Romero Rodrigues. Afinal, a atitude parece embalada para presente. Veja-se que o prefeito não está doente, não tem viagem internacional ou qualquer outra agenda substancial de compromissos.

Mas, além do mimo, pode ter jabuti no poste.

Não se descarte que o objetivo seja o desejo incontido da família Cunha Lima de projetar mais nomes, além do senador Cássio Cunha Lima, no cenário político estadual. O cargo de prefeito de Campina Grande, ainda que interinamente, gera, sem dúvidas, repercussão estadual.

O nome do senador Cássio Cunha Lima era o grande trunfo do grupo para participar do processo de definição do poder estadual para a quadra a ser iniciada a partir de 2014. A perspectiva de apresentá-lo como candidato a governador era uma excelente estratégia. Todos, em certa medida, dependiam dessa decisão.

O problema é que, com as manifestações que tomaram conta do país, a possibilidade de flexibilização na Lei da Ficha Limpa para permitir a candidatura de condenados ou cassados é agora remotíssima. Assim, como não parece nada conveniente, na conjuntura pós-protestos, a estratégia de se lançar candidato para se renunciar de última hora em favor de um parente.

Pelo se conhece do profissionalismo político da família Cunha Lima, parece lícito supor que o grupo não quer chegar à mesa de negociações para 2014 com as mãos abanando. Ou seja, sem a possibilidade de ameaçar com a candidatura de Cássio e sem qualquer outro trunfo.

Deste modo, talvez não seja equivocado se concluir que a licença do prefeito Romero Rodrigues para Ronaldinho Cunha Lima assumir a prefeitura de Campina Grande, sem uma razão mais robusta, faz parte de uma estratégia de projetar seu nome no cenário estadual com o objetivo de apresentá-lo como trunfo do jogo de 2014. Nem que seja como o melé.