Rubens Nóbrega

Amadeu Robson. Um cara com um nome desses só pode ser do bem. Inclusive por ser xará do grande Mozart e, mais importante ainda, de Robinho, meu mano pouquinho mais velho.

Mas, mesmo assim – e vejam só as coisas que vêm acontecendo na Paraíba ou sob a Nova Paraíba! – ainda tem gente muito ruim por aí que quer o mal de gente boa como Amadeu Robson.

Digo isso porque domingo último li no boletim Fisco em Dia, publicado neste Jornal da Paraíba, que o estimado Amadeu Robson e sua senhora foram ameaçados.

Ameaças feitas por telefone, presumivelmente a tecnologia preferida das almas sebosas, covardes e traiçoeiras que se prestam a esse papel, muitas das vezes só para intranqüilizar suas vítimas inocentes e indefesas.

Mas por que um cidadão de bem feito Amadeu Robson estaria sendo ameaçado? A minha suspeita remete ao fato de ele ser, além de Agente Fiscal do Estado, autor de belíssimos artigos em defesa do que é seu por direito e dos colegas de Fisco.

Antes e durante a greve recém encerrada por ordem do Tribunal de Justiça, os escritos de Amadeu fizeram sucesso tremendo, tiveram repercussão imensa, dentro e fora da categoria.

De qualquer forma e sorte, chequei com o próprio ameaçado como as coisas se passaram. Fiz isso enviando o i-meio que transcrevo a seguir, juntamente com a resposta que ele me mandou. Confiram, por favor.
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Amadeu, soube pelo ‘Fisco em Dia’, no Jornal da Paraíba, que você e sua senhora estariam sendo ameaçados. Se lhe convier, poderia esclarecer melhor? Quem fez a ameaça, quando fez, de que forma? Foi em razão de um artigo específico? Agradeço a atenção e deixo-o inteiramente à vontade para responder ou não.
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Rubens, foram ligações anônimas, com um simples, mas ameaçador monólogo: “Se prepare!… Se prepare!…”. Não sei de onde partiu. Uma das ligações foi ainda antes da greve da nossa categoria, no meu setor de trabalho. Uma sem identificador de chamada e outra com número que infelizmente não tive a devida atenção de guardá-lo.

Não valorizei o ocorrido até que a minha esposa tomou conhecimento através do meu filho mais novo. Ela, em lágrimas, informou-me que também havia recebido ligações tidas como suspeitas, tendo em vista que a pessoa que fez as ligações não se identificava nem respondia às perguntas dela. Ela silenciou, sabendo que tal ocorrido me perturbaria.

Tudo tem gerado um desconforto familiar muito grande. É possível que alguns dos meus artigos publicados ultimamente tenha causado a insatisfação em alguém.

Não tenho medo por mim, Rubens. Sou servidor público do Estado da Paraíba e sei da extensão do seu território. Respeito as autoridades constituídas, mas não se pode confundir respeito com submissão. Sou um cidadão livre, com carta de alforria impregnada e registrada no meu DNA.

Creio que vivo em um regime democrático de liberdade de expressão e respeito ao próximo. No mais, o tempo é de Deus.
Ultimamente, já não fizeram ligações. Felizmente.
Homenagem ao Maestro

Passei batido no anúncio que deveria ter feito anteontem. Para tentar me redimir, faço hoje o registro da homenagem que o 15º Batalhão de Infantaria Motorizada, de João Pessoa, prestou terça última ao Maestro Joaquim Pereira.

A data (22 de novembro) não poderia ser mais apropriada: no Dia da Música, o Quinze batizou o seu Pavilhão dos Músicos com o nome do inesquecível clarinetista, compositor, arranjador e regente paraibano.

É a segunda vez que homenageiam o maestro dessa forma. A primeira aconteceu há três ou quatro anos, em Resende (RJ), na Aman, a famosa Academia Militar das Agulhas Negras. Porque Joaquim Pereira dirigiu a banda da instituição, uma das mais admiradas e requisitadas do Exército Brasileiro.

Temos aqui um músico e sua obra reconhecidos em todo o mundo. Menos, lamentavelmente, na Prefeitura da Capital de seu Estado natal.

Lei municipal manda há mais de dez anos que alguma escola mantida pela PMJP receba o nome de Joaquim Pereira. Antes de morrer, este ano, a viúva do maestro apelou ao prefeito Luciano Agra para que fosse consumada tal homenagem.

Ela morreu sem ver os seus apelos atendidos, apesar de o alcaide ter inaugurado três ou quatro escolas quando aquela senhora ainda vivia, então com mais de 80 anos.

Desconfio que o maestro foi preterido porque familiares seus fizeram críticas e cobranças ao prefeito na imprensa. Com isso, cometeram pecado gravíssimo e imperdoável no mundo girassolaico.

É intolerância misturada com pirraça, arrogância e, quem sabe, ignorância. Por isso vamos dar o benefício da dúvida. Vai ver, Agra e seus auxiliares não sabem quem foi e o que representa o gênio de Caiçara para a música.

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Por essas e outras, na coluna de amanhã trarei consideração de um amante da música clássica sobre desarranjos que estariam ocorrendo na Sinfônica da Paraíba, uma orquestra que, a propósito, tem Joaquim Pereira entre seus fundadores.