Ah! Que saudade, Fernandinha!

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Gilvan Freire

O mundo viverá sem teu sorriso

e sem a tua vida de inocente.

E outras morrerão como tu

para que a crueldade humana sobreviva.

Mas aonde for mostrada a tua foto

e enquanto não for apagada a lembrança

do teu rostinho angelical e puro

(como as flores que brotam da mata virgem)

és tu que sobrevirás ao mal do mundo

e aos homens maus.

Porque tu geraste a dor e a indignação

e o choro coletivo dos milhões

que se apóiam em ti em defesa da vida.

Que pena, Fernandinha,

todos queriam te ver

buscar, perambular e te achar.

E a procura termina da forma mais doída

e destroçadora. E perversa.

Guardar a tua imagem

em meio a sensação de abandono

por parte de Deus

vira desesperança e desolação.

Mas ainda assim

lembrar de ti é recomeçar a busca

de um Deus perdido que parece morto.

É esse Deus que coloca no lugar dos desenganos

uma luz no túnel (tocha da conformação)

pela qual se vê no teu rostinho espelhado

a flor da mata virgem que só viveu

enquanto lhe foi permitido

Sabe, lindinha, foste muito amada.

E há um mar de lágrimas derramadas por ti.