Nonato Guedes
O deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP), licenciado do cargo desde que assumiu o Ministério das Cidades no governo federal, vai esperar uma sinalização da presidente Dilma Roussseff sobre seu futuro político no Estado. Bastante prestigiado pela presidente, Aguinaldo é cotado como alternativa para compor majoritária em 2014, ora concorrendo ao governo, à vice-governança ou ao Senado. As versões, porém, são de que a presidente Dilma não deseja prescindir da sua colaboração na equipe, o que pode fazer com que Aguinaldo decida correr o risco de não disputar mandatos eletivos, colocando-se na expectativa de engajamento na campanha da presidente à reeleição, com possibilidade de continuidade no governo, quer à frente do Ministério das Cidades, quer em outra Pasta para a qual venha a ser designado.
Ele já foi distinguido com convites da presidente para acompanhá-la em viagens administrativas ao exterior. É frequentemente elogiado por Dilma nas conversas com líderes nacionais do Partido Progressista e cumpriu papel político importante na sucessão à prefeitura de São Paulo este ano, conduzindo negociações para levar o grupo do deputado federal Paulo Maluf a apoiar a candidatura vitoriosa do ex-ministro Fernando Haddad, que teve a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como cabos eleitorais influentes e decisivos para derrotar o tucano José Serra.
Em João Pessoa, comentando a trajetória do irmão-ministro, a deputada estadual Daniella Ribeiro observou, ontem, que ele conseguiu superar intrigas paroquiais e manobras de bastidores intentadas com o objetivo de “queimar” sua imagem no círculo do Palácio do Planalto.
“A confiança maior, por parte da presidente Dilma Rousseff, foi a melhor resposta que Aguinaldo poderia oferecer a eventuais adversários que tentaram combatê-lo no exercício de uma Pasta de tamanha relevância para a Paraíba e para o Nordeste, pelos projetos estruturantes que enfeixa na área da mobilidade urbana”, diagnosticou a deputada, orgulhosa com o desempeho do seu irmão. Terceiro maior orçamento da Esplanada, com R$ 6,33 bilhões de investimentos previstos para 2013, segundo dados da peça orçamentária encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional, o Ministério cuida de obras de mobilidade urbana, saneamento básico e parte do programa Minha Casa, Minha Vida. Por isso, sempre foi alvo de investidas dos demais partidos, sobretudo do PT e do PMDB. “Pelos elogios que fez ao partido e ao ministro Aguinaldo Ribeiro, a presidente deixou implícito que não haverá mudanças”, afirmou o presidente nacional do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), ao ser confrontado recentemente com notícias sobre reforma ministerial.
Aguinaldo Ribeiro ganhou a vaga na Esplanada após a queda do então titular, o deputado federal Mário Negromonte, da Bahia, afastado depois de denúncias em contratos irregulares com organizações não governamentais e suposto superfaturamento em obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. Ribeiro faz parte do novo grupo que assumiu o comando do partido, tendo como expoentes, além do próprio Dornelles, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Benedito de Lira (AL) e o deputado Arthur Lira (AL), líder do partido na Câmara. Ciro Nogueira lembrou que o Partido progressista tornou-se uma legenda muito próxima ao PT após as eleições municipais de outubro. A mais polêmica das alianças aconteceu mesmo em São Paulo, quando o deputado Paulo Maluf posou para fotos ao lado do candidato do PT, Fernando Haddad, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O aperto de mão provocou a renúncia da deputada paraibana Luíza Erundina (PSB) à vaga de candidata a vice na chapa petista. O PP conta com cinco senadores e deputados federais e, proporcionalmente, tem sido uma das bancadas mais fiéis ao governo,conforme testemunho da própria presidente Dilma num dos encontros com cardeais pepistas.
Aguinaldo Ribeiro tomou posse dizendo estar pronto para o nível de exigência da presidente Dilma. “Venho de uma família de tradição política, e nos dias atuais é forçoso reconhecer que vivemos um período de grande ceticismo em relação aos políticos”, disse Ribeiro, comentando denúncias que adversários tentaram “plantar” contra ele por sua atuação em cargos públicos na Paraíba. Enfatizou que a gestão seria a sua prioridade, “nosso foco, nossa diretriz maior, minha maior missão no Ministério das Cidades. Isso, a meu ver, é o que significa modernidade na forma de fazer política. É romper o falso dilema entre política e gestão. A boa gestão na vida pública tem que ser política, no sentido mais amplo”. O Ministro tem procurado seguir a diretriz da presidente para estabelecer parcerias com administrações, independente de cor partidária. Já esteve com o governador Ricardo Coutinho, do PSB, com o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, e até com lideranças do PSDB no Estado que fazem oposição ao governo federal. “A minha preocupação tem sido a de contribuir para o êxito dos projetos estruturantes que a presidente coloca em prática e que são indispensáveis ao crescimento econômico e social do Brasil”, refletiu ele.
