Agra supera RC em JP

Rubens Nóbrega

Se as eleições para prefeito da Capital fossem hoje e os únicos candidatos se chamassem Luciano Agra e Ricardo Coutinho, não tenho a menor dúvida de que o atual ocupante do cargo ganharia de lavada do agora governador do Estado.

Digo isso baseado na pesquisa Ipespe realizada entre os dias 14 e 16 deste mês. Além de apurar as intenções de voto para prefeito de João Pessoa no período, o Instituto pesquisou também a avaliação dos governos municipal e estadual.

Pois bem, segundo o Ipespe, o governo Luciano Agra na PMJP tem aprovação de 41% dos pessoenses, enquanto que o Ricardus I é aprovado por apenas 30% da população da Capital, hoje talvez o ex-principal reduto de Sua Majestade.

Para efeito político-eleitoral, contudo, o problema maior não é tanto o índice de aprovação, mas o de reprovação. O da gestão de Luciano Agra ficou em 13%, o que lhe dá um ‘saldo positivo’ de 28 pontos percentuais.

Já o governo imperial de Ricardo Coutinho amarga reprovação de 29% dos seus governados que residem em João Pessoa.
É um recorde de impopularidade, que significa ainda rigoroso empate técnico com os 30% de aprovação, deixando a gestão estadual com ‘saldo positivo’ de apenas um ponto percentual.

Comparando com a pesquisa Ipespe anterior, realizada entre os dias 16 e 17 de junho passado, vê-se também que Luciano Agra caiu apenas um ponto na aprovação de governo (tinha 42%). Em compensação, reduziu em dois pontos a reprovação (antes tinha 15%, agora tem 13%).

O Ricardus I, por seu turno, em junho apresentava uma aprovação de 33% e uma reprovação de 29%, ou seja, neste julho perdeu dois pontos de aprovação e manteve a sua reprovação no mesmo patamar encontrado em junho.

Aprovação = ótimo + bom

A propósito de tais resultados, lembro, mais uma vez, que aprovação em pesquisa de opinião pública séria é medida pela soma dos conceitos ‘ótimo’ e ‘bom’.

Não vale somar a esses o conceito ‘regular’, que da mesma forma também não deve ser agregado aos conceitos de ‘ruim’ e ‘péssimo’, que referenciam a reprovação.

Não recomendo a ninguém fazer o que fizeram porta-vozes oficiais e oficiosos do governo estadual. Ancorados em pesquisa recente de outro Instituto que não o Ipespe, tentaram vender uma aprovação do Ricardus I superior a 66%.

Chegaram a esse índice juntando um razoável ‘regular’ aos sofríveis ‘ótimo’ e ‘bom’ conferidos pelos entrevistados à administração girassolaica.

Diante da manobra (ou malandragem, como diria o saudoso Moreira da Silva), alguém questionou como ficaria a aprovação da presidente Dilma se fosse possível misturar ao ‘regular’ o que o governo dela recebe de ‘ótimo’ e ‘bom’.

Beiraria os 100%, lógico, índice que faria da gestão petista uma quase unanimidade e quem aferiu percentual tão elevado, um pasteurizador de realidade do mais desavergonhado cinismo.

 

Regular pra mais ou menos

Não seria correto, do mesmo modo, dividir o ‘regular’ em ‘regular positivo’ e ‘regular negativo’ para empinar ou rebaixar a aprovação ou a reprovação deste ou daquele governante.

Alguns institutos reputados sérios utilizam a fórmula para, supostamente, refinar a pesquisa e dar um resultado de avaliação de governo em tese mais aproximado da realidade.

Não funciona. O ‘regular positivo’ versus ‘regular negativo’ ajuda a distorcer a avaliação real, como explica exemplarmente o analista José Roberto de Toledo, do Estadão, a quem recorri para fundamentar a minha desconfiança.

Comentando pesquisa VoxPopuli encomendada pelo PT sobre o governo Dilma, divulgada há um ano, Zé Roberto disse que esse negócio de regular pra mais e regular pra menos tira do entrevistado a opção de ficar ‘no muro’.

“Desse modo, ele é obrigado a escolher um lado, coisa que muita gente prefere não fazer se tem a opção”, acrescentou, arrematando:
– Essa técnica tem dois efeitos. Primeiro, força a transformação de opiniões que seriam neutras (o “regular” puro e simples) em opiniões favoráveis ou desfavoráveis. Depois, o “regular positivo” é inimigo do “bom”: parte das pessoas que optariam por essa alternativa, mas sem muita convicção, fazem um downgrade para o “regular positivo”.
É assim que se faz

Via twitter, pleno sábado (21) à noite, divulguei denúncia de um pai que tem a infelicidade de ter uma filha presa no Bom Pastor e, para maior infelicidade dele, ela estaria sendo vítima de torturas no presídio feminino da Capital.

Acionados, o vice-governador Rômulo Gouveia e o advogado Sheyner Asfora, presidente do Conselho da Comunidade da Vara de Execução Penal, entraram imediatamente em ação e o caso está sendo devidamente apurado desde ontem.