Nilvan Ferreira
Não tem jeito. O prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, a cada dia que passa, se atola cada vez mais, num verdade lamaçal de irregularidade, praticadas pela sua gestão, e que pode ter consequências irreparáveis para a sua trajetória, seja ela profissional ou política.
O “caldo” engrossa ainda mais, após decisão do Ministério Público, de acatar todas as principais denúncias que envolve a famosa compra da Fazenda Cuiá, fato ocorrido em plena campanha eleitoral do ano passado, quando a sua administração decidiu pagar a bagatela de 11 milhões de reais, por um terreno no Bairro Valentina de Figueiredo, que, segundo analistas da área, não valia toda essa “dinherama”, paga num intervalo de apenas vinte dias.
E a canetada do Ministério Público foi algo do tipo capaz de “arrebatar” qualquer “alma” perdida no limbo do desconhecido. O Promotor do Patrimônio Público, Fernando Pinto, orientou pela condenação do prefeito Luciano Agra, por improbidade administrativa, perda do seu mandato, a sua inelegibilidade, além da devolução de todos os recursos envolvidos na operação, que segundo o MP, teria sido lesiva ao erário.
O processo de apuração dessa questão está recheado de farto material investigativo. Testemunhas arroladas nos autos confirmam detalhes do caso Cuiá, expondo a intimidade da “negociata”, suas vertentes e possíveis ligações com a campanha eleitoral do ano passado, que elegeu o atual governador Ricardo Coutinho, do PSB.
E se a justiça paraibana acatar o entendimento do Ministério Público? Quem devolverá esses mais de dez milhões de reais? Se a negociação foi superfaturada, onde foram parar os recursos pagos acima do que realmente valia o terreno da Fazenda Cuiá? Se o valor pago não corresponde ao atribuído ao terreno, que muitos dizem ser um local alagado, quem saiu lucrando com a “negociata”?
As investigações não podem se concentrar simplesmente na questão de ser a operação irregular e lesiva aos cofres da Prefeitura de João Pessoa. Deve, sim, ser aprofundada no aspecto de verificar quais foram as pessoas beneficiadas com os recursos pagos a mais e punir todos sem perdão.
O lamentável é que um fato como este, denunciado na campanha eleitoral, tenha sido tratado com descrédito por vários lideranças políticas. E hoje, um ano depois, a verdade surge e comprova que o dinheiro da população não está sendo tratado com todo o respeito que é propalado por aqueles que estão sentados na cadeira principal do Centro Administrativo Municipal.