Agra cogita disputar prefeitura de João Pessoa

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Nonato Guedes

Se o cavalo passar selado para uma candidatura ao governo do Estado, logicamente que o arquiteto Luciano Agra monta. Mas ele trabalha com outras alternativas. Inviabilizada a indicação para o cargo máximo do Estado, pode preencher o tempo saindo candidato a deputado estadual, na expectativa de, em 2016, disputar a prefeitura de João Pessoa. Essa “engenharia” arquitetada por Agra foi transmitida ao “RepórterPB” por fontes qualificadas que lhe são próximas. A equação faz sentido. Agra assumiu a prefeitura sem ter sido eleito, mas devido a circunstâncias da conjuntura. Em 2008, ele foi indicado como candidato a vice de Ricardo Coutinho, que buscava a reeleição. Coutinho menosprezou indicações de outros partidos aliados, como o PMDB, e na undécima hora tirou Agra do bolso do colete, ungindo-o como companheiro de chapa. O ex-governador José Maranhão, na época, passou recibo, dizendo que Luciano não estava equipado politicamente para figurar no páreo. Ainda assim, ele foi praticamente imposto por Ricardo Coutinho. Os prazos legais estavam vencidos, e não havia como voltar atrás. Ricardo ganhou, derrotando como principal oponente o deputado João Gonçalves, que, então, era filiado ao PSDB (hoje está no PEN).

Na seqüência, deu-se o que é de conhecimento público. José Luciano Agra, no papel de prefeito, investiu-se de autonomia plena e manteve uma relação tumultuada com Ricardo, que já dava expediente no Palácio da Redenção. Ainda assim, mantinham-se nas aparências como aliados ou correligionários, filiados ao mesmo partido, o PSB. O tumulto veio à tona quando Agra fez divulgar um manifesto renunciando ao direito de concorrer à reeleição, a pretexto de não ser afeito ao jogo bruto da política. Havia rumores de que seu nome teria sofrido uma queimação da parte do governador, durante reunião nos arredores da capital. Os interlocutores de Agra desafiaram-no a confrontar o governador em convenção interna, e foi o que ele fez. Registrou candidatura, quando o governador já tinha se definido por Estelizabel Bezerra. Agra perdeu a indicação, atribuindo o resultado ao rolo compressor da máquina governamental do Estado. Mas Inês era morta, e não havia mais o que fazer. Ou melhor: havia. Embalado pelo sentimento de revanche, Agra desfiliou-se do PSB e ficou livre como um pássaro. Foi quando resolveu apoiar a candidatura de Luciano Cartaxo. As versões dão conta de que o mentor da articulação nesse sentido foi o jornalista Nonato Bandeira, ex-secretário de Comunicação de Ricardo Coutinho no município e no Estado. Filiado ao PPS, Bandeira atraiu Agra para uma composição em que ele, Nonato, figurava como vice de Cartaxo. O enredo funcionou. A chapa saiu vitoriosa em segundo turno, embora Estelizabel tenha figurado na terceira colocação, acima de José Maranhão, tido como favorito em pesquisas de opinião pública.

Instalado o governo Cartaxo, Agra descobriu que não teria poderes influentes como imaginava. Foi contemplado em várias secretarias com nomes de sua confiança. Mas não emplacou a candidata dos sonhos, Roseana Meira, para permanecer na secretaria de Saúde do município, a pretexto de concluir projetos que houvera deflagrado. Cartaxo foi inflexível nesse ponto e fez a escolha que lhe convinha, estando, hoje, no segundo titular da Pasta, já que o primeiro alegou problemas de incompatibilidade com seu expediente na Universidade Federal da Paraíba, onde, originalmente, é lotado. O ex-prefeito, para se manter em evidência, socorreu-se de Nonato Bandeira. Juntos, fizeram périplo por algumas cidades do interior, com Agra se apresentando como candidato a governador. A estratégia ainda não surtiu o efeito desejado, já que o páreo se encaminha para uma polarização entre Ricardo Coutinho e Veneziano Vital do Rego, do PMDB, podendo abarcar uma terceira via: uma candidatura do PT, que pode vir a ser preenchida pela advogada Nadja Palitot, coordenadora do Procon municipal. Agra instila desconfiança porque conversa com vários líderes políticos e partidos diferentes simultaneamente.

Esteve com Ricardo Marcelo, presidente do PEN, dialogou com Veneziano, pré-candidato do PMDB e utiliza sua influência junto ao senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, que está comprometido com a reeleição de Ricardo Coutinho, em tese. Essa ciranda política de Agra já levou o PT a descartá-lo como filiado ou como alternativa ao governo. O PSDB, se tiver candidato próprio, vai para o confronto com Cássio, que continua aliado a Ricardo Coutinho. O PEN não definiu posição na eleição majoritária. O presidente Ricardo Marcelo é contra Ricardo Coutinho, mas não apresentou nome competitivo para a disputa ao governo, apostando em candidatura ao Senado ou em postulações à Assembléia Legislativa. Agra está “boiando”, na definição de um expert político, mas não é, ainda, carta fora do baralho. A hipótese dele ser candidato a prefeito em 2016 tem a ver com o prognóstico de que Ricardo não se reelegeria governador e partiria para disputar novamente a prefeitura, que ocupou duas vezes. É uma equação confusa e até mesmo surrealista para alguns analistas políticos. Agra permanece no jogo como incógnita, tanto em termos de partido, como em termos de postulação.