Agra, as multas, o decreto e a vitória do povo

Nilvan Ferreira

Lá no sertão o jargão é muito conhecido e famoso: “pino foi feito pra ser batido”. E foi exatamente o que ocorreu com o prefeito da capital, Luciano Agra, vítima do maior levante popular dos últimos anos, tendo como eixo principal, a decisão dele e de seus seguidores, de instituir o famigerado “Bolsa Multa”, que representava um prêmio para aqueles agentes de trânsito que mais produzisse multas mensalmente.

O decreto era um verdadeiro escândalo e um atentado ao bolso do contribuinte. Pois bem. Agra se deu mal. Enfraqueceu novamente o seu governo. Impôs mais uma derrota à sua trajetória de administrador da maior cidade do estado. Seu governo hoje está servindo de deboche por parte da opinião pública e dos seus opositores.

Agra transforma sua gestão no maior exemplo de inconsistência. Ele, Agra, faz uma coisa hoje e ninguém sabe se será revogada no outro dia. Tudo depende da posição da lua ou da agressividade da luz solar. É uma coisa jamais vista nos últimos tempos. Grande parte das coisas que ocorre no âmbito da Prefeitura de João Pessoa beira o amadorismo. Num momento é falta de talento; noutro é meramente falta de planejamento e de seriedade.

Se o prefeito tinha tanta certeza que o seu decreto era “legal”, constitucional e não causava nenhum prejuízo aos interesses da sociedade, conforme disse na semana passada, então, porque decidiu, de uma hora pra outra, aniquilar aquilo que ele mesmo sancionou e defendeu com “unhas e dentes”? E foram muitos que saíram na defesa do “Bolsa Multa”, na tentativa de agradar ao prefeito. Foi um festival de argumentos que dava até vontade de rir.

Mas não deu outra. Apesar de o secretário da SEMOB, Milton Pereira, ter “criado calo na língua” de tanto argumentar favoravelmente, Agra não esperou pelo pior e acordou nesta segunda-feira determinado a revogar a lei, motivo de uma das maiores campanhas negativas nas redes sociais. Vitória do povo, da sociedade, dos segmentos organizados e da imprensa livre de João Pessoa.

Um governante precisa se convencer que não pode gerir a coisa pública dissociado dos interesses e das aspirações da população. Um governo não pode ter o povo como inimigo. A gestão de Agra sofre, talvez, a sua maior derrota.