Rubens Nóbrega

O importante é que o homem amarelou e revogou o absurdo decreto que condicionava o pagamento de gratificação dos agentes municipais de trânsito da Capital à produtividade dos chamados amarelinhos na caneta e no talão de multas.

Não importa se foi por ordem do governador Ricardo Coutinho a revogação anunciada ontem pelo prefeito Luciano Agra durante solenidade na qual o alcaide fez questão de protagonizar uma pantomima, apresentando-se vestido de amarelinho.

Não interessa se foi por apelos de membros da bancada governista na Câmara, que teriam convencido o prefeito da pisada de bola que ele deu ao baixar um ato que efetivamente estimulava a indústria da multa nas ruas de João Pessoa.

Prefiro acreditar que o prefeito sentiu a pressão e recuou ao perceber a justa indignação de quem aceita ser multado e pagar pela infração cometida, desde que tenha sido uma infração real e perfeitamente enquadrável nas leis que regem o trânsito.

Ainda que o poeta pergunte “se foi pra desfazer, por que é que fez?”, prefiro acreditar que o prefeito não desfez porque estamos em ano eleitoral e o seu decreto pegou mal pra caramba, para a sua imagem e do(a) candidato(a) ricardista.

Prefiro acreditar que ele reconheceu ser a grande maioria dos motoristas formada por gente séria, honesta, responsável, até há pouco ameaçada de dupla punição: aguentar o trânsito caótico da Capital e ser multada por algo que não fez no trânsito.

Bem, é como digo sempre: pino foi feito pra gente bater. Daí o prefeito não deve se envergonhar da marcha a ré que lhe permitiu olhar pra trás, tanto para verificar o erro a ser corrigido como para aprumar o carro e seguir em frente no rumo certo.

No mais é dizer que ainda bem que Agra não se sente nem se acha rei, feito seu chefe. Caso contrário, manteria a ferro e fogo o ato só para mostrar que sua palavra não volta atrás e que um rei, para não perder a majestade, jamais amarela.

Neroaldo, cidadão de bem
Poeta e cronista de primeira, Gil Messias publicou sábado último no Correio belíssimo artigo no qual define exemplarmente o Professor Neroaldo Pontes com o título do qual me aproveito para intitular este tópico.
“Neroaldo é o que é e nunca será diferente: um grande homem e um inatacável cidadão de bem”, escreveu Messias, ao comentar ação judicial na qual o ex-secretário de Educação do Estado é acusado de ter cometido improbidade administrativa.
O ‘crime’ de Neroaldo foi ter assinado em 2008 a contratação de cerca de 11 mil prestadores de serviço para escolas estaduais sob a justificativa de excepcional interesse público. Alguns desses contratados teriam atuado como ‘fantasmas’.
Contratar prestadores de serviço, entre eles alguns que podem se comportar como fantasmas, é algo que incrimina de Tomé de Souza a Ricardo Coutinho, passando por João Pessoa, João Agripino, Ernani, Burity, Maranhão, Cássio…
Além disso, como magistralmente lembrou Gil Messias, no caso de Neroaldo “não há á notícia de má-fé nem de desvio de recursos públicos”. O ex-secretário pode ter cometido “alguma impropriedade formal”, algum equívoco procedimental, “jamais algum ato deliberado de desonestidade”.
Mesmo assim, é possível que algum julgador com visão estreita das leis e restritiva do direito venha a acolher o argumento de improbidade e cometa a tremenda injustiça que seria condenar um tremendo homem de bem.


ESTRADAS DO BREJO

Transcrevo a seguir mensagem de um amigo sobre o estado lastimável em que se encontram estradas no Brejo paraibano. Faço-o na expectativa de que o governador tome conhecimento e ordene um recapeamento de vergonha nos trechos citados.
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Rubens, como você é do Brejo, estou escrevendo para pedir que você divulgue a situação precária das estradas da região. Entre Pilões e Guarabira, passando por Cuitegi, a estrada está totalmente acabada, um buraco só. Só não está pior porque tem alguns trechos tapados com entulhos, que serão levados na primeira chuva que ocorrer.
A situação é igual no trecho Cuitegi-Alagoinha-Alagoa Grande: buraco em cima de buraco. Entre Alagoa Grande e Areia é ruim, mas existem menos buracos, embora esses, associados às curvas, levem grande perigo aos motoristas. Entre Areia e Remígio, a situação também é bastante crítica e como a estrada é bastante sombreada ninguém consegue ver os buracos. Não andei por Arara, Solânea, Bananeiras (Rua Nova), Belém ou Pirpirituba, mas acredito que a situação seja parecida. O único trecho em bom estado é entre Areia e Pilões, que foi refeito ainda no governo Maranhão.
Achei que o fato de o governador ter ido a Taperoá, reunido um punhado de babões, ter assinado a ordem de serviço autorizando o início da recuperação da estrada entre Taperoá e a Barra (Br 230) e depois nada ter acontecido (a estrada acabou), seria perseguição política ao prefeito de oposição. Mas, vendo a situação das estradas do Brejo, região mais produtiva do Estado e origem da família do governador (seu conterrâneo), fico com a certeza de que não é só maldade. É incompetência mesmo!
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Releve, Majestade, releve. E mande fazer o que deve ser feito. Aposto como o povo do Brejo, penhorado, não apenas agradecerá como saberá retribuir.