AGORA EM BRASÍLIA: Dilma se reúne com Temer para tratar de relação entre governo e PMDB

Nos últimos meses, relação do Executivo com o partido tem se deteriorado.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

Na tentativa de resolver a crise entre o governo federal e o principal partido aliado, o PMDB, a presidente Dilma Rousseff se reúne neste domingo (9) com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), e o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante. O encontro ocorre no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

Mais cedo, neste domingo, Temer se reuniu no Palácio do Jaburu com os presidentes do PMDB, senador Valdir Raupp (RO) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, para alinhar o discurso e assinalar a principais reivindicações do PMDB.

Nos últimos meses, a relação do Executivo com o partido tem se deteriorado, o que prejudica votações de interesse do governo no Congresso. Na Câmara, sete partidos da base aliada, liderados pelo PMDB, criaram o chamado “blocão”, grupo para pressionar o Palácio do Planalto e ampliar o poder de negociação com o Executivo.

No fim do ano passado, o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), foi a ministérios reclamar da não liberação de recursos para obras de emendas parlamentares previamente acertadas. O PMDB reclama ainda da demora do Planalto e realizar a reforma ministerial. A maior dificuldade do Executivo é a relação tumultuada com Cunha.

O líder do PMDB tem conseguido apoio da oposição e de partidos governistas para evitar a votação de projetos de interesse do Executivo, como o Marco Civil da Internet.  Na última semana, a crise com a sigla se deteriorou quando Cunha postou em sua conta no microblog Twitter que “está cada vez mais convencido” de que o PMDB precisa “repensar” a aliança com o PT.

A fala foi uma resposta a uma suposta declaração dada pelo presidente do PT, Rui Falcão, no sambódromo do Rio, de que a insatisfação do PMDB da Câmara se daria por não ser atendido na reforma ministerial.

Em novas declarações feitas pela rede social nesta sexta (7), Cunha disse que reagiu com “dureza” por ter sido “gratuitamente agredido” por Falcão e negou que faça ultimatos ao governo. “O número de insatisfeitos na bancada do PMDB aumenta a cada dia e parece que vai aumentar mais com essas agressões descabidas”, disse Cunha.

Isolamento
A decisão de Dilma de se reunir com integrantes do PMDB, sem convidar Eduardo Cunha, foi vista integrantes da sigla como uma tentativa de isolar o deputado. Na semana passada, o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP), defendeu que o governo priorize o diálogo com a direção nacional do PMDB em vez de conversar com o líder do partido na Câmara.

“O tratamento tem que ser com o PMDB, com a direção do partido, não só com o líder do PMDB. Tem que ter a participação do Temer, inclusive. Sem excluir o Eduardo Cunha, mas não ter diálogo somente com ele”, afirmou.

O petista disse ainda que o PMDB tem se comportado como partido de “oposição” e ponderou que uma sigla governista não pode “ter duas caras”. “Não se pode ser situação e oposição ao mesmo tempo. O PMDB é o partido que mais está na situação de oposição”, afirmou o líder do PT em entrevista na Câmara.

Na última sexta, Cunha reagiu a críticas de que estaria agindo como um oposicionista. “Que ultimato dei a quem quer que seja? E ultimato para quê? Que que pedi que não querem dar? […] Que pressão eu fiz em nome do PMDB para falarem que não aceitam pressão?”, escreveu Cunha. Depois, acusou o PT de “inverter os fatos” e “se fazer de vítima”. “Parece até que de repente eu tive um surto e resolvi pregar rompimento do nada, com ultimatos e pressões”, completou.