O governador Ricardo Coutinho está brincando com Cajazeiras. A ideia de construir um novo aeroporto partiu de gente séria, interessada em dotar a cidade de um equipamento fundamental ao crescimento da região do Alto Piranhas. Fundamental, sobretudo agora que Cajazeiras se firma como polo educacional, hoje com 30 cursos em cinco instituições de ensino superior.
A ideia tomou corpo quando dois engenheiros e um professor universitário caíram em campo, literalmente, a procura de um local adequado para o aeroporto. O passo seguinte foi abordar o dono do terreno. Tiveram sorte. Num gesto de desprendimento o médico José Maria Moreira fez a doação de sua propriedade ao estado. Não agiu de brincadeira. Formalizou em cartório a escritura. Aliás, este foi o grande trunfo usado para amarrar a decisão do governador, José Maranhão, no ato mesmo da conversa, puxada por um grupo de empresários. Empresários sérios, nenhum deles dono de aeronave, com clara visão do papel estratégico do aeroporto para o desenvolvimento do Oeste paraibano e, claro, para seus próprios negócios.
Clareza falta ao governo da Paraíba. A gestão passada construiu a pista e deu início ao terminal de passageiros. Mas deixou a obra inconclusa. Ricardo Coutinho assegurou ao Movimento dos Amigos de Cajazeiras (MAC), na época da campanha, em 2010, e, já na qualidade de governador, que concluiria o aeroporto. E o fez também em entrevistas à mídia cajazeirense. Ricardo sempre demonstrou nessas ocasiões ter plena consciência da função econômica, social e política do aeroporto.
Passados três anos, no entanto, quase nada foi feito. Não encontro explicação para essa incúria. Caso o governo entenda não ser viável um aeroporto em Cajazeiras, então, convoque a sociedade para o debate. Governo moderno faz assim. Logo ele, Ricardo, que tanto preza, corretamente, o Orçamento Democrático. O governo não pode mostrar-se indiferente ao significado estratégico do aeroporto para a economia sertaneja.
Um desrespeito a Cajazeiras. Ao longo de três anos, secretários de estado, dirigentes do DER, outros auxiliares menos qualificados e áulicos de Ricardo Coutinho reafirmaram de público a promessa de executar as obras complementares necessárias ao pleno funcionamento do aeroporto e à sua homologação. Não foi uma voz isolada. Nem duas nem três. Foram muitas. É bem verdade que só se pronunciavam quando havia cobrança. Enganaram a população. Trataram os cajazeirenses como um bando de mentecaptos. Mentiram.
Até prazo estabeleceram! Mentiram sem a menor cerimônia. Nisso, os auxiliares de Ricardo foram competentes e ágeis… Falta pressa, todavia, para fazer uma cerca decente ou o balizamento noturno ou preparar as áreas de segurança de voos ou o pátio de estacionamento… Inacreditável. Isso acontece num governo que asfalta 400 km de rodovias! Um desrespeito a Cajazeiras.
Difícil imaginar que, no caso específico do aeroporto de Cajazeiras, Ricardo Coutinho vista a camisa do atraso. Gestor moderno, trabalhador incansável, muito bem avaliado entre os governadores do Brasil, causa estranheza o desprezo ao elementar princípio de priorizar a continuidade de obras públicas iniciadas e interrompidas. Um retrocesso. Volta ao passado, à velha forma de fazer política. Prática mesquinha que, aliás, jamais figurou no programa do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o partido do governador.