Aécio pode surpreender e lançar Cássio ao governo

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Nonato Guedes

A expectativa é muito grande diante da visita que o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) fará a Campina Grande nestes festejos juninos (a data ainda não confirmada, mas a vinda, sim). Nos meios políticos, fala-se na possibilidade de Aécio lançar publicamente a candidatura do senador Cássio Cunha Lima ao governo da Paraíba. Amigo pessoal de Cássio, com quem se mostra bastante afinado no Congresso Nacional, Aécio já havia aventado a hipótese dele ser candidato em conversa com jornalistas paraibanos em Brasília, na recente convenção nacional que o homologou para a presidência do partido em substituição ao deputado pernambucano Sérgio Guerra.

Nesse contato, Aécio deixou claro que estava externando apenas um desejo pessoal, uma vez que teria imenso prazer em concorrer ao Planalto em dobradinha com Cássio disputando o governo, mas observou que a decisão cabe aos convencionais tucanos paraibanos e que de forma alguma pretendia interferir na decisão. O argumento dele, nessa conversa, foi o de que Cássio tem experiência administrativa comprovada, por ter exercido o Palácio da Redenção em praticamente dois mandatos, além de ter sido prefeito de Campina Grande e superintendente da Sudene. É provável que quando da visita de Aécio a Campina, o Congresso já tenha aprovado o projeto da minireforma eleitoral, que prevê uma “janela” para quebrar a inelegibilidade de alguns políticos na disputa para cargos executivos. Essa “janela” altera dispositivos da Lei da Ficha Limpa, o que vem causando protestos por parte de entidades que conduziram campanha pela punição de agentes políticos.
Cássio tem reiterado o seu compromisso de apoiar a candidatura do governador Ricardo Coutinho (PSB) à reeleição, reeditando a aliança que foi firmada na campanha de 2010 e que se revelou vitoriosa. O ex-governador reivindica que o PSDB seja contemplado na chapa de Coutinho com uma vaga de senador e a de vice-governador. As pressões sobre Cássio para concorrer ao governo têm sido feitas por líderes tucanos e correligionários do parlamentar filiados a outros partidos. Especulações dão conta de pesquisas internas que apontariam vantagem de Cunha Lima sobre Ricardo caso disputasse o Palácio da Redenção.

O senador Aécio Neves já foi alertado por correligionários tucanos para tornar mais fixa a sua imagem no Nordeste, onde a presidente Dilma Rousseff detém a preferência da maioria do eleitorado nas intenções de voto para a corrida sucessória de 2014, enquanto o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, provável candidato, desponta nas últimas posições. O próprio Cássio Cunha Lima admitiu que Aécio é pouco conhecido na região nordestina, o que pode ser suprido com sua presença mais constante em alguns Estados. Aécio agendou uma viagem a Pernambuco nos festejos juninos e incluiu no roteiro uma conversa com o presidenciável Eduardo Campos. O gestor pernambucano tem oscilado na sua postura. Às vezes, é enfático em críticas a falhas do governo de Dilma Rousseff, em outras ocasiões ameniza o tom ou abstém-se de fazer comentários. Seus interlocutores mais próximos costumam dizer que a candidatura de Campos vai se tornando irreversível, de forma que ele não teria mais caminho de volta. Entretanto, lideranças nacionais petistas ainda acreditam que ele desista do páreo, passando a apoiar a presidente Dilma, inclusive, porque a legenda ocupa espaços no governo federal.

Uma virtual manifestação de Aécio em Campina Grande em prol da candidatura de Cássio ao governo da Paraíba pode ter efeito bombástico no quadro sucessório estadual, voltando a estimular os partidários da sua pretensão. Mas Cunha Lima poderá ter uma conversa preliminar com ele no sentido de evitar atitudes que resultem em constrangimento para ele e para o governador Ricardo Coutinho, segundo acreditam pessoas ligadas ao ex-mandatário paraibano.