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Advogado de Taubaté entra com habeas corpus em favor de Temer no STF

Advogado de Taubaté afirma que Joesley teria usado de "esperteza" para induzir Temer a manter um diálogo supostamente comprometedor

Um advogado de Taubaté (interior de São Paulo) entrou com um habeas corpus nesta sexta-feira (19) no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo o arquivamento do inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB), aberto a partir da delação premiada de Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F.

O pedido contesta a decisão do ministro do STF Edson Fachin de abrir investigação contra Temer.

O habeas corpus, no entanto, não foi apresentado pelos defensores de Temer, segundo informou a assessoria de imprensa da Presidência.

Quem assina o documento é o advogado Samuel José Orro Silva.

No documento, o advogado de Taubaté afirma que Joesley teria usado de “esperteza” para induzir Temer a manter um diálogo supostamente comprometedor, e afirma que Temer não possui “experiência” com o mundo empresarial de Batista.

“Primeiramente é necessário se destacar que se trata de um diálogo entre um homem de negócios muito experimentado, chamado pelo mercado como ‘muito esperto’ de 45 anos de idade e que em sua carreira profissional sempre buscou atingir seus objetivos a todo custo (motivo das investigações que corriam contra si) e um idoso (o paciente [do habeas corpus, Temer]) de 76 anos de idade, que não é acostumado à uma rotina empresarial”, diz trecho do habeas corpus.

“É óbvio que com um pouco de esperteza seria possível tentar induzir uma conversa usando palavras com o viés que o mais jovem quisesse”, diz o advogado.

O inquérito aberto pelo STF vai investigar Temer, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça.

A informação consta do pedido de investigação feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República), aceito pelo ministro Edson Fachin, relator dos casos ligados à Operação Lava Jato no Supremo.

O STF tornou o inquérito público nesta sexta-feira (19), após Fachin levantar o sigilo sobre a delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F.

A PGR cita no pedido de investigação conversa com Temer gravada por Joesley, em encontro no Palácio do Jaburu.

A interpretação dada pela Procuradoria ao diálogo é a de que Temer concordou com a iniciativa do empresário de comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso, e já condenado, pela Lava Jato.

O presidente Temer rejeitou a versão da PGR e disse nunca ter autorizado pagamentos a Cunha.

No pedido de inquérito, a Procuradoria afirma que Temer teria interesse no silêncio do antigo aliado.

“Eduardo Cunha, ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, era do mesmo partido do presidente da República, PMDB, e se tornou pública a tentativa de Cunha arrolar o presidente da República como uma de suas testemunhas, fato reconhecido pelo próprio presidente como uma tentativa de constrangê-lo. Depreende-se dos elementos colhidos o interesse de Temer em manter Cunha controlado”, diz o pedido de inquérito apresentado ao Supremo.

No pedido de inquérito, a PGR também afirma que Temer e Aécio agiram em conjunto para tentar obstruir as investigações e relata pagamentos feitos por Joesley a pessoas próximas do presidente e do senador.

“Além disso, verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentro outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indicação de delegados da polícia que conduzirão os inquéritos”, diz trecho do pedido de inquérito.

Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio Neves afirmou que o senador está “absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”. O texto diz ainda que a relação do presidente do PSDB com Joesley Batista sempre foi “estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público”.

Em pronunciamento no Planalto, na quinta-feira (18), Temer afirmou que não renuncia e que não praticou irregularidades.

“Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo”, disse o presidente.

Fonte: UOL