Acordo contempla Manoel JR na liderança do PMDB

Nonato Guedes

O acordo firmado em Brasília, ontem, com a mediação do vice-presidente da República, Michel Temer, e do presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, para implodir a ameaça de racha dentro do PMDB paraibano, prevê que a bancada federal do partido votará fechada no nome do deputado Manoel Júnior para assumir a liderança na Câmara Federal. Manoel Júnior disputa a liderança peemedebista com outros cinco parlamentares e está bem cotado para assumir o cargo ocupado pelo deputado Henrique Alves, do Rio Grande do Norte.

A notícia chegou a ser confirmada pelo jornalista Cláudio Humberto em sua coluna de hoje, que é reproduzida pelo “Jornal da Paraíba”. Os entendimentos reforçaram, também, a indicação do ex-governador José Maranhão para a presidência do diretório regional, na convenção prevista para dezembro, e o compromisso de apoio à candidatura do prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, ao governo do Estado, em 2014. O ponto mais importante, na avaliação dos participantes das discussões, foi a obtenção do consenso, e, no seu bojo, a democratização dos espaços de poder na sigla, com a fixação de rodízio no comando da agremiação e a participação de prefeitos, parlamentares e outras lideranças políticas.

O cenário vinha sinalizando para uma disputa entre o ex-governador Maranhão e o ex-senador Wilson Santiago em torno da presidência da agremiação. As chapas chegaram a ser registradas e houve manifestações em favor de renovação nos quadros dirigentes. Com as conversações de ontem, na opinião de alguns dos participantes, foi batido o martelo para institucionalizar a democracia interna e, ao mesmo tempo, evitar o predomínio de grupos familiares na direção partidária. O deputado Manoel Júnior, que vinha cobrando a renovação, ficou satisfeito com o resultado e ironizou que o consenso deve ter desapontado “o atual inquilino do Palácio da Redenção, que apostava em divisão interna”, referindo-se ao governador Ricardo Coutinho, figura de destaque no PSB estadual. Haverá, ainda, reunião em João Pessoa para a retirada das chapas registradas e conseqüente alteração, com inclusão de outros nomes, bem como a sacramentação do cabeça de chapa. A articulação empreendida na capital federal reforçou o cacife de Maranhão para ser ungido presidente. O diretório tem 7l vagas e a Executiva conta com mais 16 que serão ocupadas por nomes escolhidos de forma consensual. Os dirigentes nacionais demonstraram satisfação com o desfecho, reiterando a necessidade do partido se preparar, em clima de coesão, para a disputa de 2014.

O deputado Manoel Júnior tinha outro fato para comemorar, ontem: a aprovação na Comissão Mista do Orçamento do Congresso do parecer preliminar da proposta orçamentária de 2012, coordenada por Romero Jucá, do PMDB de Roraima. Coordenador da bancada federal paraibana, Manoel Júnior salientou que nesse terreno também houve acordo, desta feita entre partidos de oposição e aliados do governo. Com a aprovação do parecer preliminar, deputados e senadores estão liberados para apresentar emendas individuais ao Orçamento Geral da União, cujo prazo se estende até o dia 29. “O senador Romero Jucá nos assegurou que manteve no seu parecer preliminar os mesmos dispositivos do parecer da proposta orçamentária do ano passado. Sendo assim, mantivemos o mesmo valor das emendas individuais (R$ 15 milhões) e não acatamos novas despesas”, esclareceu Manoel Júnior.

Por sua vez, o ex-governador José Maranhão, comentando o acordo envolvendo a direção partidária na Paraíba, declarou que houve demonstração de amadurecimento por parte dos peemedebistas, “que souberam contornar, em clima harmonioso, eventuais divergências”. Salientou que a sua preocupação sempre foi com o fortalecimento da agremiação, à qual tem dedicado sua história. Quanto à candidatura de Veneziano ao governo do Estado, Maranhão frisou que se trata do melhor nome e que ele buscou se credenciar, com a gestão desenvolvida em Campina Grande e com o seu interesse em participar das decisões relacionadas à vida do PMDB. “O fundamental é que haja representatividade no equilíbrio de forças, internamente”, expressou ele.