Acaba a novela envolvendo PT campinense

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Nonato Guedes

Presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores em Campina Grande durante a campanha eleitoral de 2012, o sindicalista Alexandre Almeida tornou-se uma pedra no sapato de dirigentes petistas por ocasião da disputa que culminou com a vitória de Romero Rodrigues (PSDB) para a prefeitura. A direção nacional do PT havia articulado composição com o PP, em apoio à candidatura da deputada Daniella Ribeiro, irmã do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, a qual largou como favorita nas primeiras pesquisas. Alexandre, porém, atrapalhou o enredo. Lançou-se candidato avulso, inviabilizando a coligação com o PP, o que retirou de Daniella tempo precioso no Guia Eleitoral em reforço à sua pretensão. A campanha da deputada desandou e ela não logrou, sequer, ir para o segundo turno, que acabou sendo disputado entre Romero Rodrigues e a peemedebista Tatiana Medeiros, ex-secretária de Saúde da gestão Veneziano Vital.

A novela envolvendo o PT campinense teve um fim na última semana com a decisão de Alexandre de pedir desfiliação da legenda, antecipando-se a uma inevitável decretação de sua expulsão, uma vez que o processo, nesse sentido, encontrava-se bastante adiantado. O papel de Alexandre na disputa eleitoral na Rainha da Borborema foi melancólico e inútil. Ele foi acusado, o tempo todo, de ser ‘laranja’ do grupo do ex-prefeito Veneziano Vital do Rego, cuja administração defendia no Guia Eleitoral. A sua “candidatura” foi interpretada como uma manobra para enfraquecer Daniella e fortalecer Tatiana. Houve, de fato, esse dividendo. Mas a ópera ensaiada não se completou, uma vez que mesmo indo para o segundo turno Tatiana perdeu no embate com o tucano Romero Rodrigues, apoiado ostensivamente pelo senador Cássio Cunha Lima, pelo vice-governador Rômulo Gouveia e, em menor escala, pelo governador Ricardo Coutinho. Alexandre cumpriu o “script” que lhe havia sido recomendado: o de complicar a vida de Daniella, mas, como se previa, isto não foi suficiente para fazer Tatiana ascender ao comando da prefeitura municipal.

Restaram dissabores e constrangimentos, por parte do presidente do diretório regional, Rodrigo Soares, que se empenhou para a aliança do PT com Daniella Ribeiro. O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, reforçou essa estratégia e chegou a ir a Campina Grande participar de articulações para selar o apoio a Daniella. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Daniella em seu escritório no Instituto Lula e manifestou preferência pela sua candidatura, ao mesmo tempo em que prometeu interferir para reversão do lançamento da candidatura avulsa do ex-petista Alexandre Almeida, que chegara a ocupar cargo na gestão de Veneziano. O PT nacional, na verdade, perdeu a queda de braço na Justiça para Alexandre, que passou a sofrer hostilidades internas na Paraíba em virtude da sua insistência em dificultar uma aliança que parecia consolidada com o PP e que motivou a participação do ministro Aguinaldo em conversas de bastidores.

O desligamento de Alexandre, antecipando-se à expulsão, foi uma vitória tardia, uma vez que seu papel na campanha alterou radicalmente o resultado, que poderia ter favorecido a deputada Daniella com sua passagem para o segundo cargo. Pode ser que haja gratidão imorredoura do grupo de Veneziano ao dissidente petista. Mas definitivamente ele caiu em desgraça nas hostes do PT e talvez seja descartado mesmo pelo grupo de Veneziano, por não inspirar confiança devido ao comportamento dúbio a que se prestou no recente processo eleitoral na segunda maior cidade do Estado.
Rodrigo no encontro

Hoje, em São Paulo, o presidente estadual do PT, Rodrigo Soares, participa do encontro nacional de dirigentes da legenda para avaliar cenários com vistas às eleições do próximo ano. Ele anunciou que vai colocar a predominância de um forte sentimento no PT paraibano para que o partido seja protagonista em 2014, lançando candidato próprio a governador, apoiando o projeto nacional e mantendo o diálogo com a base aliada. O PT convocou os presidentes de 27 Estados para avaliar a conjuntura, fazer um balanço dos dez anos no poder e conhecer a realidade em cada unidade da Federação para a disputa do próximo ano. Rodrigo Soares propõe que o PT paraibano trabalhe para juntar partidos da base, excluindo, naturalmente, o PSB, que no âmbito local está aliado ao PSDB, ao DEM e ao PSD. Para Rodrigo, a prioridade é a unidade, o que significa que a discussão do nome terá que ser aprofundada pelas bases e pelos partidos aliados, para uma definição, se possível, ainda no primeiro semestre. Ele não descarta conversação com o próprio PMDB, mas confirma que a aliança é mais sólida com o PP e PSC.