O resultado das pesquisas eleitorais não está facilitando as negociações na base governista, que dependem muito ainda do aval do ex-presidente Lula, mas impede que os principais candidatos da oposição avancem nas suas tratativas regionais.
O senador Aécio Neves gasta seu tempo basicamente na tentativa de garantir o apoio da base paulista do partido, certo de que será competitivo, com grandes chances de sair vencedor num segundo turno, se for forte eleitoralmente em São Paulo.
Sua posição interna, porém, depende de um acordo formal com o ex-governador José Serra, que parece estar mais próximo agora, havendo possibilidade de que ainda neste mês as coisas se esclareçam de forma definitiva.
Serra parece disposto a dar uma demonstração de solidariedade partidária, anunciando que será candidato a deputado federal em 2014, o que daria a certeza de que a representação paulista na Câmara será grande e forte, sob sua liderança.
Com o governador Geraldo Alckmin com boa dianteira na corrida para a reeleição, a chapa tucana no maior colégio eleitoral do país seria bastante competitiva, dando a Aécio boas condições de sair vitorioso tanto em São Paulo quanto em Minas.
No momento, o PSDB tem certos de seu apoio o DEM e o Solidariedade, podendo ter também o PPS. Caso, próximo das convenções em junho, a candidatura de Aécio der sinais de que tem chances de crescer, ele espera que a “expectativa de poder” traga para a aliança oposicionista alguns partidos hoje formalmente na base governista como o PP e o PTB. Hoje, no entanto, a “expectativa de poder” continua do lado governista.
Já o governador Eduardo Campos tenta organizar seus palanques regionais em acordos que têm encontrado mais apoios no sistema financeiro do que no político, no qual ele tem menos estrutura partidária que o governo ou mesmo que Aécio, e mais do que nunca precisa subir nas pesquisas para atrair aliados.
Há relatos de que sua relação com a ex-senadora Marina, depois de, nos primeiros dias, ter dado bons resultados de mídia que se refletiram na sua subida nas pesquisas eleitorais, hoje estaria trazendo mais dificuldades regionais do que avanços.
Os interesses da Rede Sustentabilidade, o partido que se abrigou na legenda do PSB, são frequentemente divergentes, mas Campos lidera as negociações e trata de refazer acordos atingidos aqui e ali pela retórica sonhática de Marina.
Houve momentos em que a posição dogmática do grupo de Marina, como quando ela dispensou a aproximação com Ronaldo Caiado, representante dos ruralistas, chegou a tirar do sério Campos. Ele foi visto fazendo comentários irônicos sobre a maneira de Marina se expressar, dizendo que às vezes precisa consultar um dicionário para entender o que ela fala.
Em outros momentos, chegou a dizer que ela parecia ser “de outro planeta”, referindo-se à falta de pragmatismo das posições de seu grupo. Nos últimos dias, no entanto, parece que a relação turbulenta foi substituída por uma decisão dos dois de se empenharem em superar obstáculos.
Na definição de um político próximo aos dois, eles já entenderam que uma briga interna seria como “um abraço de afogados”, em que ambos morreriam. Não existe a possibilidade de Campos deixar de ser o candidato a presidente da República do PSB, mesmo que Marina permaneça aparecendo nas pesquisas com mais apoio popular que ele.
Caberá a ela e seu grupo se empenharem para transferir votos para a chapa socialista a fim de chegar ao segundo turno. Tanto Campos quanto Aécio continuam convencidos de que o candidato que for para o segundo turno ganhará a eleição com o apoio da oposição unida. Nesse panorama, o apoio da Rede Sustentabilidade no segundo turno seria fundamental para dar à oposição condições de superar a presidente Dilma Rousseff.
Por um erro de revisão, saiu ontem um erro de concordância na coluna, pelo que peço desculpas aos leitores. A frase correta é: “A queda de mais de 10% nas ações ordinárias da Petrobras reflete não apenas as dificuldades de gestão por que passa a estatal, mas, sobretudo, o descrédito da política econômica do governo”.