A voz rouca das ruas

foto

Marcos Tavares

Muitas coisas ruins podem acontecer a um político, mas, sem dúvidas, uma das piores delas é fechar os ouvidos para a voz surda das ruas. As ruas têm vida própria, diferentes e díspares do que dizem os assessores mais chegados, os institutos de opinião e a própria consciência do interessado. É que a voz das ruas é livre, não se deixa apreender por nenhuma corrente e transforma-se em verdade mesmo que não seja absoluta, pois o que nasce do povo tem mais credibilidade e muito mais acerto.

Os gabinetes atrofiam, limitam a visão. Tanto que políticos e gestores deveriam ser obrigados a usar transportes públicos para poder sentir de perto a pulsação desse povo. O caso da segurança, por exemplo, é emblemático. Não há comercial, pesquisa, nem discurso que faça o paraibano acreditar que ele tem segurança ou que esse setor está progredindo no Estado. Para quem ver os mortos nas ruas, escuta os tiros, sofre com assaltos frequentes, não adianta gastar verba nem verbo por que jamais conseguirá convencê-lo.

A rua é onde o povo vive. Ele mora em casas, barracos ou mansões, mas é na rua que ele entra em contato direto com o clima da cidade, do Estado, do país, e essa impressão é a que vai servir de parâmetro para sua interpretação. Portanto, não adianta procurar chifres em cabeça de cavalo, e muito menos usar a imprensa como desculpas para uma segurança que não existe, o que é visto por paraibanos é visto pelo Brasil, circula nas páginas da Gazeta de Puxinanã e no austero Estadão. Por que é a verdade do povo.

Desmame

Deputados de oposição criticam o que chamam o fim do Programa do Leite pelo Governo. Calma aí. O Governo já tem muitas culpas para carregar mais essa.

A produção de leite, em todo o Nordeste, caiu espetacularmente com o fim do rebanho morto pela falta d’água. Mais de quarenta por cento de todo rebanho nordestino hoje é composto de carcaças estorricadas nas fazendas.

Sem vacas não existe leite, com cabras subnutridas também não há leite. Assim, o programa pode até padecer de problemas burocráticos, mas a falta de leite é um fenômeno climático impossível de controlar.

Minguados

Os reservatórios das grandes hidroelétricas nordestinas estão com apenas quarenta por cento de sua capacidade de armazenamento de água. E é por que, teoricamente, estamos no período de chuvas na região.

Essa secura força a ligação de todas as usinas termoelétricas, o que aumenta sensivelmente o preço da energia e compromete o abastecimento.

Técnicos avisam que se as chuvas continuarem nesse patamar, pode vir apagão por aí.

Dízimo

Prova da insatisfação do deputado Anísio Maia com sua legenda: há meses ele não entrega o dízimo do PT sobre seu salário.

E o PT é como Edir Macedo. Sem dízimo não existe salvação.

Decisão

Dunga, recém empossado, diz que vai sondar o ambiente para ver como fica sua posição.

Mas adiantou está alinhado com o pensamento do senador Cássio Cunha Lima.

Inseguros

Não convidem para o mesmo inquérito o coronel Euller e o secretário da Segurança Cláudio Lima.

Estremecidos, eles levaram sua disputa a causar um racha entre polícia civil e militar.

Poético

No final do ano passado, a Funesc anunciou um grande concurso de literatura.

Poetas, romancistas e seresteiros puseram mãos a obra. Mas nada do edital.

Parados

Professores das universidades federais já prometem uma portentosa greve.

Estava estranhando essa súbita assiduidade dos mestres de nossa Universidade.

Colaboração

As frases que encerram a coluna de hoje são do comunicólogo Franciscarlos Diniz, filho do professor e jornalista Aécio Diniz.

De Brasília, ele acompanha a coluna.
Frases…

Omelete – No frigir dos ovos, o povo é sempre o ovo.

Preservando – Preservativo. Preserva o ativo, preserva o passivo.

Nacionalidade – O Papa é argentino, Deus é brasileiro e Edir é universal.