Rubens Nóbrega
Depois de saber que mais um casal foi sequestrado em João Pessoa, na última terça (30), e durante duas horas passou horrores nas mãos de bandidos, sendo obrigado a fazer vários saques em caixas eletrônicos…
Depois de saber que na manhã do dia seguinte, quarta (31), uma menina de quatro anos foi atingida no peito por suposta bala perdida quando era levada para a sua escola no bairro de Zé Pinheiro, em Campina Grande…
Depois de saber que ainda em Campina, cinco horas após a criança ser baleada, a agência dos Correios de São José da Mata foi invadida e assaltada pela sexta vez nos últimos três, sendo os três últimos assaltos este ano…
Depois de saber que no mesmo dia, quase na mesma hora, começo da tarde, um bando armado roubou sem a menor dificuldade mais de R$ 25 mil de um posto fiscal do Estado na BR 104, em Alcantil, no Cariri paraibano…
Depois de saber que, quatro horas após o assalto ao posto fiscal de Alcantil, foi a vez da agência de Patos do Pague Fácil, de propriedade do filho do ex-deputado Dinaldo Wanderley, ser também invadida e roubada…
Depois de saber que na Capital, por volta de oito da noite da mesma quarta, Samuel Batista, 70 anos, foi fuzilado por ladrões que tentou convencer a não assaltarem garotas que esperavam ônibus no João Agripino…
Depois de saber que ontem à tarde o Banco do Brasil em Taperoá foi assaltado pela segunda vez este ano e desta vez a Polícia cercou a agência, trocou tiros com os bandidos, mas o bando conseguiu escapar…
Depois de saber pelo G1 que em muitas cidades pequenas do Estado estão sendo desativados serviços bancários porque quase não existe policiamento, a segurança é zero e ninguém vê o governo fazer alguma coisa…
Pergunto ao senhor governador
Dessa vez publicamente, sem mensagem alguma antes, em razão da urgência, da relevância do assunto e da certeza de que não faria diferença perguntar por i-meio porque ele não responderia de qualquer forma às perguntas formuladas a seguir.
1. O senhor acha que operações pontuais e blitzen resolvem ou detêm a escalada da violência no Estado?
2. Um policiamento sistemático, ostensivo, distribuído equânime e equitativamente em todos os pontos da Capital e do interior, não seria mais eficiente?
3. O governo utiliza em seu planejamento de segurança estudos e mapas de especialistas, alguns da própria Polícia, inclusive, que mostram os pontos mais críticos, mais violentos, onde as pessoas de bem estão mais vulneráveis?
4. Se a Polícia sabe onde são os pontos, as bocas, as encruzilhadas, as desovas etc., por que não vai lá e resolve?
5. Ou será que tem que pedir licença aos bandidos?
6. Ou será que é porque o senhor se recusou e continua se recusando a pagar um salário digno aos policiais e eles se poupam nas ações que poderiam empreender contra a bandidagem?
7. Ou será que é por que o senhor contribuiu enormemente para agravar o nosso ‘belo quadro social’, como diria o poeta Raul Seixas, quando botou milhares de pessoas na rua da amargura, causando sofrimento e desemprego em larga escala?
8. Ou será que é porque o senhor, de tão ocupado em confrontar, atacar e desqualificar adversários políticos, empresariais e imaginários, ainda não teve tempo sequer de pensar em desenvolver e aplicar políticas públicas dignas desse nome que possam reduzir pra valer os vergonhosos indicadores sociais e econômicos da Paraíba?
9. Ou será que é porque o senhor e o seu governo não têm tempo pra isso, de tão ocupados nos contatos e contratos com amigos ou parceiros privados para lhes entregar serviços públicos essenciais, comprar-lhes ou alugar-lhes equipamentos que custam fortunas aos cofres públicos e pouca ou nenhuma serventia ao interesse público?
Fico no aguardo de suas respostas, além de outras informações e esclarecimentos que julgar pertinentes, relevantes, e sou, atenciosa e respeitosamente,
Rubens Nóbrega, cidadão paraibano, jornalista, colunista do Jornal da Paraíba.
Trauma sem tomógrafo é crime
Segundo apurou o CRM-PB, sob a Cruz o Trauma da Capital estaria operando sem tomógrafo. Trata-se de um ‘crime doloso’, disse-me outro dia um médico, ao comentar que o Trauma de Campina também estaria sem aquele equipamento.
– É mais um crime que se comete contra a saúde neste Estado. Um crime doloso. Em pleno século XXI, um hospital de referência neste tipo de atendimento não pode funcionar sem o seu mais importante equipamento. É o mesmo que um carro sem rodas. Como os neurocirurgiões atendem aos acidentados sem a imprescindível tomografia? Isto não existe. É uma afronta à ética médica.
Com todo respeito, Doutor, isso não deve ser problema para o governo, que já admite publicamente cravar a Cruz em outros hospitais públicos, a julgar pelo que disse ontem o secretário estadual de Saúde à Rádio Correio.