Após vários dias, uma onda de boatos com pitadas de aparente verdade foi desmascarada em relação a um incômodo aspecto na área da segurança pública do Maior São João do Mundo 2018. O delegado Henry Fábio, da Polícia Civil, nesta sexta-feira, 15, desconstruiu de vez a estória sobre uma suposta ação coordenada de uso de agulhas no Parque do Povo para ferir as pessoas, causando natural pânico na opinião pública.
Henry Fábio, com a sobriedade técnica e responsabilidade pública que lhe impõem o cargo, durante coletiva de imprensa, expôs o exagero midiático dado ao caso, revelou perplexidade com a distorção da realidade viralizada nas redes sociais, enfatizou que as investigações expuseram situações claras de desinformação, não apenas por parte de supostas vítimas, mas de alguns formadores de opinião que propagaram a “informação” sem o devido cuidado de apurar os fatos em sua profundidade.
Compreende-se, é claro, que neste momento peculiar no Brasil, marcado por um bombardeio diário de notícias negativas em relação à violência, um boato como esse tome dimensões de verdade absoluta, explorada, clara e lamentavelmente, por grupelhos políticos que se refastelam com o clima de terra arrasada.
Mas Campina Grande, a cidade que tem feito do Maior São João do Mundo, ao longo de 35 anos consecutivos, mais que uma identidade cultural-econômico-turística, não vai permitir que maldades ardilosamente engendradas nos bastidores, maculem sua festa mais importante.
Apelaria, portanto, aos colegas que se policiem em relação a esse modus operandi dos que, além das redes sociais e espaços virtuais de notícias, tentam pautar também a imprensa tradicional. É sempre sedutora a exploração de supostos fatos que causam comoção. É a bíblica “porta larga” da notícia que causa polêmicas e gera acessos em massa pelo sensacionalismo fácil, no lugar da porta estreita da apuração séria, profunda e imparcial. Ai, vem-me sempre à lembrança a famosa frase de Adlai Stevenson: “A imprensa separa o joio do trigo. E publica o joio”.
No caso do São João de Campina Grande, felizmente, a verdade não é uma agulha no palheiro.
Fonte: Marcos Alfredo
Créditos: Marcos Alfredo