A segunda visita de Dilma

Rubens Nóbrega

A data ainda não foi marcada, mas está perto de acontecer e dessa vez será bem diferente. Ao contrário do que ocorreu em sua primeira visita, dessa vez a presidente Dilma não levará da Paraíba tão somente aplausos fáceis ou ‘a leve impressão de que já foi tarde’ por ter deixado muito pouco pra gente, além do que já é nosso por direito.

Quem tem a certeza de que agora a Paraíba vai tirar o melhor proveito da presença de Dona Dilma entre os filhos deste solo é o Doutor Newton Coelho Marinho.

Engenheiro agrônomo com larga experiência em cargos de direção estratégica do Estado, ele é autor do texto que resumo a seguir, um primor de otimismo e confiança na diligência e competência do atual governo do Estado para elaborar e apresentar projetos consistentes ao governo federal.

Deixo os leitores na melhor companhia. Na companhia de Newton Marinho. É com ele, a partir deste ponto.

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Prudente, com bastante antecedência e sem nenhum alarde, o Senhor Governador criou varias comissões técnicas específicas, constituídas por auxiliares do seu governo, para elaborar os projetos e pleitos estaduais mais importantes e oportunos que devem ser entregues a nossa primeira mandatária.

Um dos pontos fortes do material elaborado é a duplicação da PB 008 e uma adutora marginal à estrada que liga a Capital ao Litoral Sul. Já para o Litoral Norte, outra comissão se ateve na elaboração do projeto da PB 008 Norte, que inclui a construção da ponte Cabedelo-Costinha.

Foi redigido ainda um relatório que mostra claramente a viabilidade de instalação de um complexo industrial portuário no município de Mataraca, cuja bacia de evolução e ancoradouro de 23 m de calado foram classificados pela empresa que deu apoio ao estudo como um porto de águas profundas importantíssimo para a Paraíba, fundamental para o Nordeste e estratégico para o Brasil.

De início, no porto já poderia entrar em funcionamento um terminal alcooleiro para atender à produção de várias destilarias na região e uma usina de açúcar localizada a poucos quilômetros. Outra atividade apontada para ocupar o segundo berçário do porto é uma usina de beneficiamento do granito extraído no Nordeste, hoje exportado in natura para a Europa com grande prejuízo para a nossa economia.

Mais: pelo fato de o porto ter sido projetado de forma modular, haverá também espaço na fase inicial para os serviços de containers, desembarque e transbordo dos derivados de petróleo que atenderão até o sul do Ceará.

Também muito bem colocado pela eficiente equipe do governo nesse projeto é a instalação de um estaleiro escola destinado à preparação de mão de obra especializada para todo o Mercosul pela UFPB em parceria com a Marinha. É grande a carência desse tipo de profissional, tanto no Brasil como nos demais países do bloco. Serão mencionadas outras possibilidades, como um terminal graneleiro para as fábricas de ração de ave e exportação da soja.

Outro ponto relevante levantado pela equipe do governo para mostrar à Presidente é a exploração das jazidas de ferro de Cajazeiras, atualmente pretendidas pelo porto cearense de Pecem. O documento também preconiza um ramal ferroviário ligando o complexo industrial portuário de Mataraca à ferrovia Transnordestina.

Recuperação pós-seca

No setor agropecuário, o staff governamental formatou pedido de crédito especial para o pós-seca a juros subsidiados visando à recuperação (embora parcial) dos prejuízos e a criação de uma comissão de técnicos do governo, do Banco do Nordeste e representantes dos produtores para estudar uma forma viável de sanar todos os débitos que atormentam a grande massa de agricultores nordestinos.

Quanto à recuperação da lavoura da palma, hoje quase dizimada pela cochonilha carmim, o governo vai sabiamente requerer apoio para a instalação de bio-fábricas em Monteiro, Boa Vista, Barra de Santana e Taperoá, todas destinadas à multiplicação acelerada das raquetes de palma resistente à cochonilha através dos métodos biotecnológico de cultura de tecidos.

Uma bio-fábrica é capaz de no mínimo produzir no mesmo espaço de tempo 10.000 vezes mais raquetes que o sistema usual ora em prática pelo governo.

Na área da irrigação serão solicitadas providências no sentido de resolver a devolução de uma área de 1.005 ha pertencente ao Projeto de Irrigação Várzeas de Sousa invadida pelos sem terra, sem a qual o projeto como um todo não terá sustentação econômica, inviabilizando dessa forma sua própria emancipação. O caso se encontra com o Incra há mais de cinco anos sem qualquer definição.

Zona franca em Cajazeiras

Por fim, aproveitando a notória vocação industrial campinense, o Estado vai propor um polo de comercialização de produtos de couro no bairro do Ligeiro, numa área de 60.000m², semelhante ao que já existe em Caruaru para venda de confecções. O empreendimento será um marco divisor para a total consolidação da nossa indústria calçadista e beneficiará outros municípios produtores, a exemplo de Patos.

Finalmente, o governo do Estado decidiu adotar a ideia do ex-senador Wilson Santiago de criação de uma zona franca no Nordeste. A proposta a ser levada à Presidente da República é que a zona franca nordestina tenha como sede a cidade de Cajazeiras, graças à posição estratégica do município como elo entre os estados da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí.