A recuperação das PBs

Rubens Nóbrega

Reclamei esta semana da falta de conservação e buraqueira em rodovias estaduais mais antigas, a exemplo dos trechos que ligam Guarabira a Remígio, passando por Bananeiras, e daquele entre Caaporã e Alhandra. Sobre o assunto, recebi ontem os seguintes esclarecimentos e informações do engenheiro Carlos Pereira, diretor-superintendente do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), também jornalista e cronista dos melhores. Deixo vocês com o texto e a competência de Carlos Pereira. É com ele, a partir deste ponto.

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Meu caro Rubens, você tem razão quando escreve que os buracos nas nossas  rodovias significam insegurança, desconforto e até perigo de vida para os seus usuários. Gostaria, apenas, de registrar que em 2011, ao assumir o DER, fizemos um levantamento criterioso e, dos 2.500 km de estradas pavimentadas da nossa malha (hoje já são bem mais em razão das rodovias que pavimentamos nestes dois anos e sete meses), cerca de 2.000 km estavam esburacados.

Como não existe milagre e não se pode tirar coelho de cartola, conseguimos tapar em torno de 1.700 km de buracos, restando uns 300 km que estamos fazendo o possível para fechá-los. Ocorre que tudo isso está sendo feito praticamente com recursos do Tesouro do Estado, pois a Presidente Dilma, no ano passado, numa atitude deplorável, zerou a alíquota da Cide para Estados e municípios, tirando-nos cerca de 31 milhões de reais que era a previsão para o exercício de 2013, com os quais bancávamos os programas de conservação e manutenção da nossa malha rodoviária estadual.

Mesmo assim, com recursos próprios estamos buscando minorar o sofrimento daqueles que ainda passam por esses percalços em viagens pelas nossas PBs. E o que me conforta é que, embora não seja consolo, Estados mais ricos – como o Rio Grande do Sul, por exemplo – apresentam situação bem pior, o mesmo podendo se dizer da própria malha federal, cujas grandes extensões bastante esburacadas são mostradas quase diariamente pela televisão.

Peço ao caro confrade e aos seus leitores, usuários das nossas modestas rodovias, que tenham um pouco mais de paciência. Quem sabe, já estamos bem próximos de dizer que a Paraíba tem a melhor malha do Nordeste, em razão do maior programa rodoviário da história do nosso Estado, atualmente em pleno andamento e que prevê, até o final de 2014, a pavimentação de 2149 km num investimento de 950 milhões de reais.

Receba um abraço do seu colega jornalista (no momento sofrendo de novo no serviço público).
Chicos da melhor qualidade

Uma das coisas mais gratificantes deste trabalho é a possibilidade de vez por outra brindar os leitores com valiosas colaborações como essa que reproduzo agora, do Professor Francisco Barreto para o saudoso Professor Francisco Espínola, homenageado pela coluna domingo retrasado.

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Estimado Rubens, li e reli, emocionado, a sua crônica sobre o nosso respeitadíssimo e venerando Professor Francisco Espínola. Ele não era apenas um homem exemplar, foi um ser superior. Humanamente irretocável em todos os sentidos. Guardo no peito esquerdo a minha afetuosa homenagem a Chico Espínola, como carinhosamente o chamávamos.

Nos idos de 68, eu, Germana Correia Lima e Wladimir Martins, entre outros, tivemos prisão preventiva decretada pela 4ª Auditoria Militar do Recife decorrente de uma farsa montada pela Reitoria da UFPB sob os auspícios do Capitão do Exército Guilhardo Martins Alves. A farsa nos indiciava no episódio do arrombamento da dispensa de alimentos do Restaurante Universitário no CEU da Lagoa. Na ocasião, eu (membro do DCE e Presidente da ENED, membro do Conselho da UNE) e vários companheiros da PB estávamos em Muritiba, Bahia, em encontro da UNE nos trabalhos preparatórios do Congresso de Ibiúna.

Decretada a prisão, ficamos cerca de dois meses foragidos. A referida prisão foi relaxada graças a uma competente ação do advogado Nizi Marinheiro, que obteve um acórdão no STM (Superior Tribunal Militar), este prolatado pelo então Ministro Ernesto Geisel, que considerou aquele absurdo fruto da “incompetência e coerção injusta da Justiça Militar”. Voltamos à tona. E recorremos à Congregação da Faculdade de Direito para anular nossas faltas.

Perante o colegiado, Emilton Amaral, presidente do Diretório Acadêmico Epitácio Pessoa, fez a nossa defesa inicial. Depois, o Diretor Hélio Soares concedeu a palavra a quem quisesse fazer uso dela. Silêncio sepulcral. Seríamos reprovados. Foi aí que o Professor Espínola irrompeu de sua timidez e corajosamente nos defendeu: “Diante de um acórdão do STM, quem somos nós para prejudicar estes meninos…”. E, apoiado por outra memorável figura, o Professor Rômulo Rangel, vociferou: “Nós estamos numa Escola de Direito ou numa Escola de Educação Doméstica?”.

Diante da omissão de vários e conhecidos mestres, fomos absolvidos da imputação das nossas faltas. Naquele momento, Chico Espínola lavou a nossa alma e a honra da Faculdade de Direito. Depois, todos sabem, baixaram o AI-5 e o Decreto 477 para trucidar a nossa carreira jurídica. Nunca mais fiz o caminho de volta. Passei quase 10 anos impedido de trabalhar pelo SNI (Serviço Nacional de Informações). Ainda hoje luto para me aposentar e não consigo. Graças ao arbítrio e perseguições na UFPB, que foi madrasta da minha geração.