A Porta da Esperança

Dimas Lucena de Oliveira – professor da ufpb

Talvez não exista dor maior para um pai do que ver seus filhos canibalizados pela fome. A fome mata o corpo dos filhos e a alma dos pais. Como cantou Djavan “sabe lá o que é não ter / e ter que ter para dar. / Sabe lá”. A fome não espera, ela tortura, dilacera. Nenhuma sociedade pode conviver com essa violência e não tomar medidas emergenciais, sem isso não poderá está integrada a uma concepção de humanidade.

Nessa direção, o Programa Bolsa Família, enquanto uma política emergencial tem um papel de grande alcance social no combate a fome. Trata-se de um programa de transferência de renda. É tecnicamente chamado de “mecanismo condicional de transferência de recursos”.

No entanto, na própria concepção de “Política Emergencial” os beneficiários não devem ficar indefinidamente dependentes dos recursos estatais para sobreviver. Nenhuma dependência é benéfica e pode criar o nefasto espírito do conformismo a da aceitação passiva. Mas o próprio Estado precisa dar outras respostas para a possibilidade de superação das pessoas de su as realidades sócio-econômica.

A Educação é o caminho dessa superação, talvez o único. Nessa perspectiva ela deverá contemplar e amalgamar três faces: a Alfabetização, a EJA e a Educação Profissionalizante. Acontece que a evasão é muito alta nesses segmentos. Isso ocorre devido a inadequação das metodologias, Professores sem capacitação na especificidade da área, cansaço dos alunos quando ir estudar significa o terceiro expediente, desmotivação pela falta de perspectiva, entre outros fatores e dificuldades.

Diante desses fatos é preciso uma resposta com uma Política de Estado. É necesssário tratar essas feridas abertas, com forte investimento na capacitação e formação de Professores alfabetizadores e especialistas em EJA. Afinal há um conjunto de saberes fundamentais inerentes a esse universo. Ao contrário que é pensado no senso comum, não é qualquer pessoa que sabe alfabetizar, trata-se de uma ciência pedagógica complexa.

É fundamental também que seja criado um Programa que faça uma interface entre a Educação, Trabalho, Emprego e Renda. Em cada município pode haver uma relação entre a mão de obra carente para o seu desenvolvimento e os Cursos Profissionalizantes para suprir essas carências. O beneficiário do Bolsa Família ao estudar na dimensão da alfabetização, do letramento e da profissionalização já deve ter a perspectiva de poder atuar no mundo do trabalho. Construir sua dignidade e sua sobrevivência como um cidadão crítico e consciente.

É essencial um projeto pedagógico que valo rize o trabalho, o empreendedorismo, a cidadania, a tenacidade pelas mudanças e a determinação pelas conquistas. Essa Educação não é a porta da esperança. É a Esperança.